Pedro Amaral passa o testemunho a Pedro Neves à frente da Metropolitana de Lisboa
Temporada 2020/21 da OML abre a 20 de Setembro, no Centro Cultural de Belém, com a execução da Quarta Sinfonia de Mahler. Em Dezembro, há a estreia de um novo concerto de Luís Tinoco. “Deixo a Orquestra Metropolitana de Lisboa em grande forma”, diz Pedro Amaral.
O maestro Pedro Neves vai substituir Pedro Amaral na direcção artística da Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML), que vai abrir oficialmente a temporada 2020/21, no dia 20 de Setembro, com a execução da Quarta Sinfonia de Mahler, e inclui no programa até final deste ano a estreia absoluta de um Concerto para Saxofone e Orquestra de Luís Tinoco, em Dezembro.
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O maestro Pedro Neves vai substituir Pedro Amaral na direcção artística da Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML), que vai abrir oficialmente a temporada 2020/21, no dia 20 de Setembro, com a execução da Quarta Sinfonia de Mahler, e inclui no programa até final deste ano a estreia absoluta de um Concerto para Saxofone e Orquestra de Luís Tinoco, em Dezembro.
A nova temporada da OML será a última programada pelo actual maestro titular, que vai deixar a direcção da instituição ao fim de sete anos – assumiu o cargo em 2013. “Deixo a Orquestra Metropolitana de Lisboa em grande forma”, disse Pedro Amaral à agência Lusa, à margem da apresentação da próxima temporada. O maestro e compositor referiu que a OML “produz anualmente 180 concertos, 90 orquestrais e outros tantos de música de câmara”, o que evidencia, no seu entender, uma “agilização de recursos humanos muito grande” e a sua enorme capacidade de “levar a música e a arte aos quatro cantos do país”.
“Esse foi um dos aspectos fundamentais [do desempenho do cargo de director artístico], estabelecer parcerias permanentes com muitos palcos e municípios fora de Lisboa. Foi através dessas parcerias, inclusivamente internacionais, que foi possível multiplicar a actividade da orquestra”, destacou.
Com o incremento da actividade, “veio o incremento do público”, que “duplicou em quatro anos” e, desta forma, foi também possível duplicar o orçamento para a programação e tornar rentável a OML, acrescentou Pedro Amaral. “Comecei com um orçamento de 250 mil euros, que geravam receitas muito inferiores. À saída, deixo um orçamento do dobro, que gera receitas superiores. Na prática, por cada euro que me dão para programar, devolvo 1,30 euros, portanto, o trabalho dos músicos da OML gera uma mais-valia. O mais importante é esta ideia de ter valorizado os nossos músicos”, sublinhou ainda o maestro e director artístico da OML.
Esse é, na visão do regente e compositor, o papel que “cabe ao director artístico numa orquestra”, se não quiser que os seus músicos desanimem: “Oferecer-lhes valorização”.
Após a sua saída, Pedro Amaral vê o futuro da Metropolitana “da melhor forma possível”, uma vez que “tem uma grande equipa”, um novo director executivo, Miguel Honrado, que “saberá fazer uma gestão criteriosa” da formação e, como seu sucessor no cargo de director artístico, o maestro Pedro Neves, “a pessoa que em Portugal está mais bem preparada para o fazer”. “Não tenho dúvidas de que a Metropolitana conhecerá fortes desenvolvimentos nos próximos anos”, afirmou.
Pedro Neves, actual titular da Orquestra Clássica de Espinho, conta no seu currículo com diversas participações nas principais orquestras nacionais, como a própria Metropolitana e a Gulbenkian, e algumas estrangeiras.
Um programa descentralizado
O concerto inaugural da próxima temporada da OML vai ter lugar no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém (CCB), ainda sob a batuta de Pedro Amaral, que vê naquela sinfonia de Mahler uma obra com “um início inesperado, ao som de guizeiras”, ao qual se sucedem “ambientes contrastantes” e na qual “surpreende, sobretudo, a inclusão da voz cantada no último andamento”, desta vez pela soprano Anne Schwanewilms, como explica no programa da temporada 2020/21, a que a Lusa teve acesso esta terça-feira.
Ainda antes da abertura oficial da temporada, porém, a OML leva Giochi di Uccelli (Jogos de Pássaros), concerto para flauta de Sérgio Azevedo, ao Cineteatro Curvo Semedo, de Montemor-o-Novo (sexta-feira, 21h30), ao Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal (sábado, 21h00), e à Academia Almadense (19 de Setembro, 21h00), com a participação do flautista Nuno Inácio, como solista, que já estreara a obra em 2017.
Ainda neste mês, a Metropolitana inicia no Fórum Municipal Luísa Todi a primeira de uma série de actuações dedicadas à integral dos Concertos para Piano de Ludwig van Beethoven, com o pianista António Rosado, artista associado da orquestra, quando passam 250 anos sobre o nascimento do compositor. Rosado interpretará os cinco concertos (1, 4, 3, 2 e 5, por esta ordem) nos dias 30 de Setembro e 1 e 4 de Outubro, antes de os levar para o Teatro Municipal de São Luiz, em Lisboa, nos dias 7, 9 e 11 de Outubro.
Neste mesmo mês, a OML realiza, pela primeira vez, uma digressão por países do Leste europeu, juntando-se à programação do Festival Lubomirski, para dois concertos que terão lugar na Polónia e na Ucrânia, nas cidades de Katowice e Lviv, respectivamente. Com Nuno Silva no clarinete, a bagagem do maestro Pedro Amaral e da OML leva quatro partituras da primeira metade do século XIX: a Abertura Coriolano, de Beethoven, a Sinfonia Escocesa de Felix Mendelssohn, e duas obras de Karol Kurpinski.
Ainda em Outubro, nos dias 23 e 24, o Cine-Teatro Joaquim de Almeida (Montijo) e o Teatro Thalia (Lisboa), respectivamente, recebem Pecados da Juventude, com direcção musical e violino de José Pereira e Daniel Canas, em trompa, um espectáculo que apresenta as sinfonias para cordas números 1 e 6 de Mendelssohn, permeadas pelo 1.º Concerto para trompa e orquestra, de Joseph Haydn, e finalizado com o Divertimento para cordas KV 136, de Mozart.
Em 25 de Outubro, a Academia Almadense recebe Para um Homem Comum, programa dedicado ao compositor norte-americano Aaron Copland, dirigido por Jean-Marc Burfin e por alunos do curso de Direcção da Academia Nacional Superior de Orquestra (ANSO), num espectáculo que contará, no clarinete, com o vencedor da 9.ª edição de Prémio Fundação INATEL, Nuno Baptista.
Sinfonia do Destino fecha a programação de Outubro, no dia 31, no Grande Auditório do CCB, com Pedro Neves como maestro e Ana Pereira no violino, a interpretar o Concerto para Violino e Orquestra em Mi Menor, Op. 64, de Felix Mendelssohn, e a Sinfonia n.º 5 em Dó Menor, Op. 67, de Beethoven.
O compositor alemão continua em destaque na agenda de Novembro, com o 5.º e derradeiro concerto para piano, Imperador, a ser apresentado no Teatro Thalia, em Lisboa, no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, e na Academia Almadense, nos dias 13, 14 e 15, respectivamente, de novo com Pedro Amaral como maestro e, desta vez, com Jill Lawson no piano.
Scheherazade, de Rimsky-Korsakov, sob a batuta do maestro Adrian Leaper, sobe no dia 22 de Novembro ao palco do Grande Auditório do CCB, num programa que inclui o Concerto para Piano e Orquestra em Sol Maior, de Maurice Ravel, com António Rosado como solista.
Ainda em Novembro, no dia 26, o Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha recebe Fanfarras, Suítes e Danças, com direcção musical de Jean-Marc Burfin, de novo com alunos do curso de Direcção de Orquestra da ANSO, numa apresentação das Fanfarras Litúrgicas, de Henri Tomasi, e das Danças Concertantes, assim como as Suites, n.ºs 1 e 2, para orquestra de câmara, de Igor Stravinsky.
Em 28 de Novembro, Nuno Silva (clarinete), Ana Pereira e José Pereira (violinos), Joana Cipriano (viola), Nuno Abreu (violoncelo) e António Rosado (piano) juntam-se no palco do Teatro Thalia para apresentarem Para o Fim do Tempo, programa que conjuga o Quinteto com Piano, Op. 44, de Robert Schumann, e o Quarteto para os Fins dos tempos, de Olivier Messiaen.
No mês seguinte, em 6 de Dezembro, o Cinema São Jorge recebe a OML para celebrar Um Século de Federico Fellini, com o maestro Rui Pinheiro e Benedetto Lupo, ao piano, a protagonizarem um alinhamento dedicado a algumas das obras de Nino Rota, compostas para os filmes do cineasta italiano nascido há cem anos: Suíte para Amarcord, e Suíte e o Concerto para piano e orquestra de La Strada.
Um Americano em Paris, com o maestro Sylvain Gasaçon e João Pedro Silva em saxofone, chega ao palco do Grande Auditório do CCB a 13 de Dezembro. O programa engloba a suíte da ópera Porgy and Bess (Catfish Row) e a peça orquestral Um Americano em Paris, de George Gershwin, que se conjugam com a estreia absoluta do Concerto para Saxofone e Orquestra, de Luís Tinoco.
Com a aproximação do Natal, a OML leva ao palco do Cinema São Jorge o Concerto Para Escolas Um Conto de Charles Dickens, narrado por Susana Henriques, com o maestro Élio Leal, num espectáculo com música composta por Sérgio Azevedo, no qual “as palavras [se] juntam às sonoridades cinematográficas e [se] cruzam com melodias provenientes de outros imaginários que são igualmente familiares, como a da canção Noite Feliz”.
Dois dias depois, em 19 de Dezembro, o Teatro Thalia recebe o Concerto Clássico de Natal, que ao espectáculo inspirado no conto de Charles Dickens junta a Sinfonia n.º 38, KV 504, de Mozart. O compositor de Salzburgo continua em destaque no seguinte programa de concerto, em 19 de Dezembro, no Fórum Municipal Luísa Todi, sob a direcção musical de Jean-Marc Burfin e, mais uma vez, com alunos da ANSO, com a Sinfonia n.º 35, Haffner, KV 385, de Mozart, que se combina com a Sinfonia em Dó Menor, de Georges Bizet, no fecho da primeira parte da programação da temporada.
Notícia actualizada com declarações de Pedro Amaral à Lusa.