Trabalhadores da saúde seguros, doentes seguros
Urge que quem nos governa e quem nos represente coloque na agenda pública e política a segurança dos profissionais de saúde e dos doentes. Nós os enfermeiros, e nós os cidadãos, esperamos mais.
O Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu em maio de 2019, ainda antes da pandemia, portanto, mas quiçá premonitoriamente, o dia 17 de setembro como o World Patient Safety Day, considerando que a segurança do doente é uma prioridade da saúde a nível global, importando, por isso, fomentar uma consciencialização coletiva e envolver as pessoas na compreensão e resolução das questões que lhe estão relacionadas.
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O Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu em maio de 2019, ainda antes da pandemia, portanto, mas quiçá premonitoriamente, o dia 17 de setembro como o World Patient Safety Day, considerando que a segurança do doente é uma prioridade da saúde a nível global, importando, por isso, fomentar uma consciencialização coletiva e envolver as pessoas na compreensão e resolução das questões que lhe estão relacionadas.
Como alguns dos pressupostos que suportam a necessidade de assinalar um dia para, pelo menos aí, discutir-se o assunto, adianta que quatro em cada dez doentes sofrem danos em ambientes de cuidados primários e de ambulatório; ocorrem 134 milhões de eventos adversos por ano em países de baixos e médios recursos; e que os erros de medicação têm um custo de cerca de 42 biliões de dólares, anualmente.
Este ano de 2020, o grave problema de saúde pública que afeta de uma maneira inusitada a população mundial, a covid-19, tornou o assunto da segurança ainda mais acutilante, pelo que vai ser discutido no Simpósio Internacional que a Escola Superior de Enfermagem do Porto está a promover, debatendo com profissionais de diferentes áreas e níveis de responsabilidade alguns dos pontos de maior relevo e pertinência, como os desafios que emergem com a globalização, a segurança na investigação, nos lares, etc., e as questões éticas que se colocam, entre outros.
Contudo, a pouco mais de duas semanas da data, muito próxima da passagem de Portugal para o Estado de Contingência onde, previsivelmente, se espera um aumento do número de casos, é necessário dispor dos meios para uma gestão adequada da situação que se antecipa. Não posso, por isso, deixar de notar a ausência de intervenções, de notícias dos representantes dos profissionais de saúde sobre as condições para a segurança dos trabalhadores da saúde. Parece-nos evidente que, para a OMS, a pandemia revelou os enormes desafios e riscos que os profissionais de saúde enfrentam todos os dias, daí que o slogan para assinalar a data neste ano de 2020 seja: ‘trabalhadores da saúde seguros, doentes seguros’.
Espera-se, por isso, que todos e cada um de nós esteja atento. Urge que quem nos governa e quem nos represente coloque na agenda pública e política a segurança dos profissionais de saúde e dos doentes. Nós os enfermeiros, e nós os cidadãos, esperamos mais.
O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico