Comissão de Trabalhadores recusa modelo de uma “TAPzinha lowcost”
Comissão de Trabalhadores recorda projecto de 2016, contestado pelos trabalhadores por ser “um projecto que em nada servia os interesses da TAP, mas sim interesses a ela alheios”.
A Comissão de Trabalhadores (CT) da TAP espera que a reestruturação, assessorada pelo Boston Consulting Group (BCG), aposte no desenvolvimento do negócio e não numa “TAPzinha lowcost”, como preconizava o projecto RISE, em 2016, da mesma consultora.
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A Comissão de Trabalhadores (CT) da TAP espera que a reestruturação, assessorada pelo Boston Consulting Group (BCG), aposte no desenvolvimento do negócio e não numa “TAPzinha lowcost”, como preconizava o projecto RISE, em 2016, da mesma consultora.
“Ainda temos muito presente o famigerado projecto RISE, feito pela mesma consultora a pedido do Sr. Neeleman [ex-accionista], e do qual o conhecimento que tivemos não foi por vias oficiais, mais era um projecto que em nada servia os interesses da TAP, mas sim interesses a ela alheios, preconizando uma TAPzinha lowcost ao serviço de terceiros”, defendeu a CT, em comunicado.
A estrutura representativa dos trabalhadores da companhia aérea reuniu-se com representantes da BCG na sexta-feira, para discutir o projecto de reestruturação a que a TAP vai ser sujeita, a apresentar à Comissão Europeia.
Segundo a CT, a consultora escolhida para assessorar esta reestruturação garantiu que o objectivo é “demonstrar a viabilidade da empresa” e garantir que se terá “a melhor TAP possível”.
No entanto, a CT diz ter ainda na memória o projecto da mesma consultora, de 2016, muito contestado pelos representantes dos trabalhadores.
“Esperamos que a história não se repita e que, efectivamente, este seja um projecto que tenha no seu horizonte a viabilidade e desenvolvimento do negócio da TAP em todas as suas vertentes por forma a que a empresa continue a ser um garante da soberania, coesão e economia nacionais. Garante do futuro de todos os que nela trabalham, sublinhou a CT.
Neste sentido, a comissão defende que “todos os trabalhadores são necessários”, e deixou claro, na reunião com o BCG, que não concorda com despedimentos.
“Se necessidade houver de redução de trabalhadores, então que se opte como já tem acontecido no passado por reformas antecipadas, pré-reformas e rescisões amigáveis, no entanto alertámos que uma vez que se pretende a retoma da operação, então temos que manter todos os trabalhadores na esfera da empresa pois todos serão necessários”, acrescentou.
A CT considerou ainda que deve haver investimento em equipamentos e instalações e garantir a ligação às comunidades portuguesas no estrangeiro, com uma operação mais abrangente nos continentes africano e americano, “mercados que muito contribuem para a receita da empresa”.
No dia 11 de Agosto, o presidente do conselho de administração do grupo TAP, Miguel Frasquilho, anunciou, numa mensagem aos colaboradores a que a Lusa teve acesso, a escolha da BCG para a elaboração do plano de reestruturação da TAP.
No seguimento da aprovação pela Comissão Europeia de um auxílio estatal à TAP, o grupo aéreo procedeu a uma consulta no mercado para seleccionar uma entidade que preste serviços de consultoria, no sentido de auxiliar na elaboração de um plano de reestruturação, a apresentar à Comissão Europeia.
O Conselho de Ministros aprovou em 17 de Julho a concessão de um empréstimo de até 1200 milhões de euros à TAP, em conformidade com a decisão da Comissão Europeia.
Além do empréstimo remunerado a favor do Grupo TAP de 946 milhões, ao qual poderão acrescer 254 milhões, sem que, contudo, o Estado se encontre vinculado à sua disponibilização, as negociações tinham em vista a aquisição, por parte do Estado, de participações sociais, de direitos económicos e de uma parte das prestações acessórias da actual accionista da TAP SGPS, Atlantic Gateway, SGPS, Lda.
Desta forma, o Estado passa a deter uma participação social total de 72,5% e os correspondentes direitos económicos na TAP SGPS, pelo montante de 55 milhões de euros.