Jerónimo desvaloriza ameaças de crise política e avisa que o PCP conta
No encerramento da Festa do Avante!, o líder comunista afirmou que “não vale a pena apressarem-se a sentenciar que o PCP não conta, que estaria de fora das soluções de que o país precisa”.
O líder do PCP avisou este domingo que não vale a pena “agitar” o país com “ameaças de crise política”, num remoque directo a António Costa, e anunciou que o partido vai apresentar no arranque dos trabalhos da Assembleia da República um conjunto de propostas que “dão resposta aos graves problemas que atingem a vida dos trabalhadores e do povo”.
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O líder do PCP avisou este domingo que não vale a pena “agitar” o país com “ameaças de crise política”, num remoque directo a António Costa, e anunciou que o partido vai apresentar no arranque dos trabalhos da Assembleia da República um conjunto de propostas que “dão resposta aos graves problemas que atingem a vida dos trabalhadores e do povo”.
No encerramento da 44.ª edição da Festa do Avante!, Jerónimo de Sousa disse também que “não vale a pena apressarem-se a sentenciar que o PCP não conta, que estaria de fora das soluções de que o país precisa”: Para o secretário-geral do PCP o partido “não faltará, como nunca faltou, a nenhuma solução que dê resposta aos problemas, não desperdiçará nenhuma oportunidade para garantir direitos e melhores condições de vida”.
No extenso discurso que fez, ao longo do qual se ouviram várias vaias e assobios para Marcelo e para a comunicação social, o líder comunista advertiu que os “tempos são duros e reclamam uma determinação para resistir ao discurso do medo e de que não há alternativa”. “A dimensão dos problemas exige outra resposta. O PCP está à altura das suas responsabilidades, do seu papel e dos seus compromissos com os interesses dos trabalhadores e do povo. Não vale a apena virem agitar com ameaças de crise política. O que se impõe é aproveitar todos os instrumentos para não permitir que os trabalhadores e o povo vejam a sua vida mergulhada numa crise diária”, defendeu.
Numa intervenção muito voltada para os trabalhadores, numa altura em que se avizinha uma crise económica profunda, e para a própria auto-estima do próprio partido, o secretário-geral assumiu que “as políticas que se avançam ou estão em curso não dão resposta aos problemas do presente, nem aos problemas do futuro do país” e que isso fica evidente no chamado Programa de Estabilização Económica e Social e também na proposta do Governo do Orçamento Suplementar que o suportava. O líder comunista encontra na proposta do Governo do Orçamento Suplementar “uma clara opção pelo favorecimento dos interesses do capital para quem se canalizam milhões e milhões de euros”. E acrescentou que “não há solução para os problemas nacionais nem respostas aos interesses dos trabalhadores e do povo com as opções do Governo PS”, como não há com os “projectos reaccionários do PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega”.
Entre as “muitas iniciativas” que o PCP tem em preparação, o secretário-geral destacou a luta pelo “aumento do Salário Mínimo Nacional para 850 euros; pela criação de um suplemento remuneratório para os trabalhadores dos serviços essenciais e permanentes; pelo subsídio de insalubridade, penosidade e risco; pela compensação remuneratória e reconhecimento da protecção social dos trabalhadores por turnos e do trabalho nocturno; pelo alargamento do acesso ao subsídio de desemprego e o reforço dos seus montantes e duração”.
Quanto ao Orçamento de Estado para 2021, o dirigente do PCP considera que ele tem de “dar resposta aos problemas mais imediatos, inadiáveis e urgentes”. “Tem de acudir a quem perdeu rendimentos com apoios extraordinários que garantam condições de vida, a quem tem em risco a sua actividade apoiando em particular as micro e pequenas empresas”. Tem também de “dotar o SNS de todos os meios que garantam a prestação e cuidados de saúde (…) e estancar a entrega de dinheiros públicos que fazem falta ao SNS para os grupos privados que negoceiam com a doença”.
Por outro lado, deixou também a garantia de que o PCP vai empenhar-se em “soluções para recuperar o controlo público de empresas estratégicas – a começar pelos CTT, o Novo Banco e a TAP – indispensáveis ao desenvolvimento soberano do país.”
Os participantes na festa aplaudiram esta opção do partido, mas reagiram com assobios quando o nome do Presidente da República foi mencionado pelo orador. “De pouco valem as declarações do PS de que não quer nada com o PSD se as opções que vier a adoptar (…) forem aquelas que o PSD adoptaria sem romper com orientações e compromissos que têm sustentado a política de direita. Tanto mais quando se continuam a registar em matérias relevantes convergências entre os dois partidos, parte de um processo de rearrumação de forças posto em marcha, e em que o actual Presidente da República se insere, para branquear o PSD visando a sua reabilitação política e a cooperação mais intensa com o PS, indispensáveis à politica de direita”, declarou Jerónimo de Sousa.