A Febre e O Fim do Mundo vencem o IndieLisboa 2020
As longas da brasileira Maya Da-rin e do luso-suíço Basil da Cunha arrecadam os prémios máximos do festival lisboeta, com o público a afluir para lá das melhores expectativas da organização.
Numa edição cuja afluência de público ultrapassou as expectativas da organização, com cerca de 30 sessões esgotadas (em pouco mais de uma centena programadas) até ao final de sexta (4), o IndieLisboa 2020 ganhou a sua aposta de ter lugar em plena epidemia de covid-19. E o seu palmarés recentrou o festival no cinema mais tradicionalmente narrativo, em plena sintonia com os tempos que vivemos.
O Fim do Mundo, segunda longa do luso-suíço Basil da Cunha, história de um regresso a casa num bairro suburbano que é também um filme sobre as mudanças que o tempo gera, foi o vencedor da competição nacional. O Grande Prémio do concurso internacional foi para A Febre, da brasileira Maya Da-rin, onde um índio “aculturado” à grande cidade se vê na iminência de escolher entre os dois mundos que atravessa quando a filha lhe diz que vai estudar medicina para Brasília. Ambos os filmes tiveram, curiosamente, estreia no concurso principal de Locarno, faz agora um ano.
O Brasil foi um país em destaque no palmarés desta edição, reconhecendo o momento difícil que a produção do “país irmão” enfrenta sob o governo de Jair Bolsonaro. Além da sessão oficial de encerramento, na noite de sábado, ter apresentado em ante-estreia Um Animal Amarelo, co-produção luso-brasileira dirigida por Felipe Bragança, dois outros filmes brasileiros foram premiados pelos júris da secção paralela Silvestre. Foram eles, na categoria de longa-metragem, ex-aequo, Todos os Mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra, e Breve Miragem de Sol, de Eryk (filho de Glauber) Rocha.
Na categoria internacional de curtas-metragens, julgada pelos cineastas Joana Pimenta e Jorge Jácome e pelo programador Nuno Rodrigues, o melhor filme foi Tendre, documentário de Isabel Pagliai. As programadoras Caroline Maleville e Cristina Nord e o activista Mamadou Ba atribuíram ainda o Prémio Especial do Júri na competição internacional de longas às belgas Sofie Benoot, Liesbeth de Ceulaer e Isabelle Tollenaere por Victoria, viagem semi-documental a California City, cidade planeada no deserto californiano que nunca cumpriu as suas promessas.
O júri da competição nacional, composto pelas programadoras Louise Rinaldi e Núria Cubas e pelo cineasta Michael Wahrmann, premiou ainda Catarina Vasconcelos (melhor realização por A Metamorfose dos Pássaros); Clara Jost (melhor curta portuguesa por Meine Liebe); e a dupla Bernardo e Afonso Rapazote (prémio Novo Talento pela curta Corte). Os prémios do público apenas serão conhecidos durante o dia de domingo.
Um palmarés, ao todo, extremamente justo e coerente, ainda por cima num ano no qual não faltaram grandes filmes na competição internacional, e destacando o que merecia ser destacado na competição nacional.
O Indie 2020 viu igualmente um aumento de interesse nas Lisbon Screenings, o evento de divulgação do cinema português junto dos profissionais, organizado pela agência de promoção ligada ao festival, a Portugal Film, e que foi este ano realizado maioritariamente à distância, através da internet. O interesse manifestado por programadores e distribuidores de todo o mundo obrigou ao prolongamento do evento de três para quatro dias e um recorde absoluto de participação, com mais de uma centena de profissionais acreditados.
Os premiados do IndieLisboa 2020 serão exibidos no cinema Ideal, em Lisboa, nas próximas segunda (7), terça (8) e quarta (9), em horários a anunciar. A retrospectiva do senegalês Ousmane Sembène organizada pelo festival continuará ainda na Cinemateca Portuguesa até dia 11.
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Numa edição cuja afluência de público ultrapassou as expectativas da organização, com cerca de 30 sessões esgotadas (em pouco mais de uma centena programadas) até ao final de sexta (4), o IndieLisboa 2020 ganhou a sua aposta de ter lugar em plena epidemia de covid-19. E o seu palmarés recentrou o festival no cinema mais tradicionalmente narrativo, em plena sintonia com os tempos que vivemos.
O Fim do Mundo, segunda longa do luso-suíço Basil da Cunha, história de um regresso a casa num bairro suburbano que é também um filme sobre as mudanças que o tempo gera, foi o vencedor da competição nacional. O Grande Prémio do concurso internacional foi para A Febre, da brasileira Maya Da-rin, onde um índio “aculturado” à grande cidade se vê na iminência de escolher entre os dois mundos que atravessa quando a filha lhe diz que vai estudar medicina para Brasília. Ambos os filmes tiveram, curiosamente, estreia no concurso principal de Locarno, faz agora um ano.
O Brasil foi um país em destaque no palmarés desta edição, reconhecendo o momento difícil que a produção do “país irmão” enfrenta sob o governo de Jair Bolsonaro. Além da sessão oficial de encerramento, na noite de sábado, ter apresentado em ante-estreia Um Animal Amarelo, co-produção luso-brasileira dirigida por Felipe Bragança, dois outros filmes brasileiros foram premiados pelos júris da secção paralela Silvestre. Foram eles, na categoria de longa-metragem, ex-aequo, Todos os Mortos, de Caetano Gotardo e Marco Dutra, e Breve Miragem de Sol, de Eryk (filho de Glauber) Rocha.
Na categoria internacional de curtas-metragens, julgada pelos cineastas Joana Pimenta e Jorge Jácome e pelo programador Nuno Rodrigues, o melhor filme foi Tendre, documentário de Isabel Pagliai. As programadoras Caroline Maleville e Cristina Nord e o activista Mamadou Ba atribuíram ainda o Prémio Especial do Júri na competição internacional de longas às belgas Sofie Benoot, Liesbeth de Ceulaer e Isabelle Tollenaere por Victoria, viagem semi-documental a California City, cidade planeada no deserto californiano que nunca cumpriu as suas promessas.
O júri da competição nacional, composto pelas programadoras Louise Rinaldi e Núria Cubas e pelo cineasta Michael Wahrmann, premiou ainda Catarina Vasconcelos (melhor realização por A Metamorfose dos Pássaros); Clara Jost (melhor curta portuguesa por Meine Liebe); e a dupla Bernardo e Afonso Rapazote (prémio Novo Talento pela curta Corte). Os prémios do público apenas serão conhecidos durante o dia de domingo.
Um palmarés, ao todo, extremamente justo e coerente, ainda por cima num ano no qual não faltaram grandes filmes na competição internacional, e destacando o que merecia ser destacado na competição nacional.
O Indie 2020 viu igualmente um aumento de interesse nas Lisbon Screenings, o evento de divulgação do cinema português junto dos profissionais, organizado pela agência de promoção ligada ao festival, a Portugal Film, e que foi este ano realizado maioritariamente à distância, através da internet. O interesse manifestado por programadores e distribuidores de todo o mundo obrigou ao prolongamento do evento de três para quatro dias e um recorde absoluto de participação, com mais de uma centena de profissionais acreditados.
Os premiados do IndieLisboa 2020 serão exibidos no cinema Ideal, em Lisboa, nas próximas segunda (7), terça (8) e quarta (9), em horários a anunciar. A retrospectiva do senegalês Ousmane Sembène organizada pelo festival continuará ainda na Cinemateca Portuguesa até dia 11.
Palmarés completo
Competição Internacional
Grande Prémio Cidade de Lisboa: A Febre, de Maya Da-Rin
Prémio Especial do Júri: Victoria, de Isabelle Tollenaere, Liesbeth de Ceulaer e Sofie Benoot
Grande Prémio de Curta-Metragem: Tendre, de Isabel Pagliai
Melhor Curta de Animação: This Means More, de Nicolas Gourault
Melhor Curta de Documentário: Douma Underground, de Tim Alsiofi
Melhor Curta de Ficção: Shanzhai Screens, de Paul Hertz
Competição Nacional
Melhor Longa-Metragem: O Fim do Mundo, de Basil da Cunha
Melhor Realizador: Catarina Vasconcelos, por A Metamorfose dos Pássaros
Melhor Curta-Metragem: Meine Liebe, de Clara Jost
Prémio Novo Talento: Corte, de Bernardo e Afonso Rapazote
Prémio Novíssimos: Contrafogo, de Carolina Vieira
Prémio Silvestre de Longas-Metragens: (ex-aequo) Breve Miragem de Sol de Eryk Rocha, e Todos os Mortos de Caetano Gotardo e Marco Dutra
Prémio Silvestre de Curtas-Metragens: Apparition
Prémio Indie Music (ex-aequo): White Riot de Rubika Shah e Keyboard Fantasies: The Beverly Glenn-Copeland Story de Posy Dixon
Prémio Amnistia Internacional: Douma Underground
Prémio Árvore da Vida: O Fim do Mundo
Notícia alterada às 21h27 com a correcção do nome do realizador da curta Apparition, erradamente identificado no comunicado originalmente enviado pela organização.