Líder da oposição quer que ONU envie equipa de monitorização para a Bielorrússia
Svetlana Tikhanouskaia exigiu o “fim da intimidação e dos ataques” contra a oposição na Bielorrússia e pediu ajuda à ONU. Em Minsk, polícia entrou numa universidade e deteve cinco estudantes, acusando-os de participar em protestos ilegais.
A líder da oposição na Bielorrússia, Svetlana Tikhanouskaia, pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que envie uma equipa para monitorizar a situação em Minsk e apelou à organização para condenar a violência exercida pelas forças de segurança bielorrussas contra os manifestantes.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A líder da oposição na Bielorrússia, Svetlana Tikhanouskaia, pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que envie uma equipa para monitorizar a situação em Minsk e apelou à organização para condenar a violência exercida pelas forças de segurança bielorrussas contra os manifestantes.
“Precisamos da ajuda da ONU para acabar com a flagrante violação dos direitos humanos e o desrespeito cínico pelo direito à dignidade humana”, afirmou Tikhanouskaia, que participou por videoconferência numa sessão informal do Conselho de Segurança das Nações Unidas, centrada na situação dos direitos humanos na Bielorrússia, solicitada pela Estónia, membro não-permanente do conselho.
Tikhanouskaia, exilada na Lituânia desde as eleições presidenciais que deram o sexto a mandato a Aleksander Lukashenko, exigiu ao regime que permita “a entrada e liberdade de circulação para a relatora especial” das Nações Unidas e solicitou uma reunião extraordinária do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Na sua declaração, a líder da oposição voltou a exigir o “fim imediato da violência, libertação de todos os prisioneiros políticos e eleições livres e justas”, reforçando que “Lukashenko já não representa a Bielorrússia”.
Pediu também o “fim da intimidação e dos ataques contra os membros do Conselho de Coordenação”, órgão que reúne várias figuras da oposição e que é alvo de um processo criminal do regime, e sublinhou que “a colaboração com o regime de Lukashenko significa o apoio à violência e à flagrante violação dos direitos humanos”.
Nesse sentido, manifestou-se disponível para o diálogo “com todos os países que respeitem a soberania e integridade territorial da Bielorrússia” e apelou a uma maior intervenção da comunidade internacional, “incluindo sanções contra os indivíduos responsáveis por irregularidades eleitorais e crimes contra a humanidade”.
A União Europeia, que considerou as eleições presidenciais de 9 de Agosto fraudulentas, está a ultimar uma lista de figuras do regime a quem serão impostas sanções.
Lukashenko, no poder há 26 anos, enfrenta a maior contestação de sempre ao seu regime, que tem respondido com repressão aos protestos pacíficos.
Esta sexta-feira, na capital da Bielorrússia, a polícia deteve pelo menos cinco estudantes no Instituto de Linguística de Minsk, segundo a Reuters. Nas redes sociais, circulam vídeos das detenções, com os estudantes a serem arrastados pela polícia pelos corredores da universidade, perante os protestos de outros estudantes.
Há também vídeos que mostram grupos de alunos a cantarem Do you hear the people sing, do filme Os Miseráveis, uma música que tem sido utilizada como hino de protesto em vários pontos do mundo, como em Hong Kong. Nas salas de aula, outros estudantes gritaram “vergonha” e “longa vida à Bielorrússia”.
O Ministério do Interior confirmou as detenções dos alunos e disse que estiveram relacionadas com um “processo administrativo”. Os estudantes foram libertados durante a tarde, acusados de participarem em protestos ilegais.
Desde o dia 1 de Setembro, data de início do ano lectivo, que milhares de estudantes têm participado em manifestações nas universidades.