Chiara Manfletti sai e Agência Espacial Portuguesa procura novo presidente

Chiara Manfletti era presidente da Agência Espacial Portuguesa desde Março de 2019 e anunciou a sua saída esta sexta-feira.

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Portugal visto do espaço NASA

Chiara Manfletti anunciou esta sexta-feira que deixará de ser presidente da Agência Espacial Portuguesa. A 14 de Setembro, na assembleia-geral da agência, será nomeado um presidente interino e a 15 de Setembro será aberto um concurso internacional para um futuro presidente, que deverá ser nomeado até ao Verão de 2021.

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Chiara Manfletti anunciou esta sexta-feira que deixará de ser presidente da Agência Espacial Portuguesa. A 14 de Setembro, na assembleia-geral da agência, será nomeado um presidente interino e a 15 de Setembro será aberto um concurso internacional para um futuro presidente, que deverá ser nomeado até ao Verão de 2021.

O anúncio da saída da presidência foi feito por Chiara Manfletti no workshop “Sistemas Espaciais e Inovação: Portugal na Europa 2020-2030”, que decorreu no Teatro Thalia (em Lisboa) e contou com a presença de Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que confirmou esse anúncio. “Aproveitámos esta reunião em que tínhamos toda a indústria reunida para o anunciar e fazer um balanço dos últimos dois anos da agência”, afirma ao PÚBLICO Manuel Heitor.

De nacionalidade italiana e alemã, Chiara Manfletti foi a primeira presidente da Agência Espacial Portuguesa. Antes, tinha sido assessora para os programas do director-geral da Agência Espacial Europeia (ESA), Johann-Dietrich Woerner. Assumiu as suas funções na Agência Espacial Portuguesa a 25 de Março, depois de ter sido nomeada na primeira assembleia-geral da agência. Na altura, referia-se que o mandato era de cinco anos e renovável

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Chiara Manfletti Daniel Rocha

Quanto aos motivos da sua saída, Manuel Heitor indica que, quando Chiara Manfletti veio para Portugal, já tinha um contrato com a ESA que “continua a ter” e que só tinha “sido cedida” a Portugal até ao final de 2020. “Tinha de voltar à ESA até ao final do ano e a ESA convidou-a para ela acelerar o seu regresso. Foi uma questão de conjugar a agenda aqui com a própria agenda dela na ESA.” E realça sobre o destacamento de cerca de dois anos: “Quando veio para Portugal era só até ao final de 2020 e foi antecipado poucos meses”.

O ministro faz um balanço “positivo” da passagem de Chiara Manfletti pela presidência da agência portuguesa. “Portugal cresceu muito não só nos projectos na ESA como também através dos fundos estruturais. Nos últimos três anos duplicámos o nosso investimento nas áreas do espaço e abrimos uma série de novas actividades.” Por isso, diz que aproveitou a altura para atribuir a Chiara Manfletti a uma medalha de mérito científico do ministério da Ciência, que costuma ser atribuída a portugueses ou estrangeiros que têm feito contribuições importantes para a ciência e tecnologia de Portugal. “Penso que a contribuição dela foi importante e decidi atribuir-lhe a medalha da ciência hoje [esta sexta-feira] de manhã depois de ela ter anunciado que saía.”

Requisitos e desafios

A 14 de Setembro, na assembleia-geral da Agência Espacial Portuguesa, será então nomeado pelos membros da agência um presidente interino. No dia seguinte, será aberto o concurso internacional para um futuro presidente. Manuel Heitor diz que este terá um modelo semelhante ao que é recomendado pela ESA e que é usado noutras agências espaciais.

Os termos de referência do concurso ficarão disponíveis nesse dia no site da Agência Espacial Portuguesa. As candidaturas estarão abertas até o início de 2021. O presidente interino desempenhará funções até Julho de 2021 e o novo presidente iniciará funções nessa altura.

E que perfil terá de ter? “Será um perfil no seguimento do que já foi a Chiara Manfletti, com experiência internacional na área do espaço e que possa continuar a projectar Portugal num contexto europeu”, responde Manuel Heitor. O ministro adianta que se procura uma pessoa com experiência internacional na gestão e promoção das actividades do espaço, desde a área dos lançadores, passando pelos satélites, e indo até aos negócios de observação da Terra. Acrescenta ainda que se pretende, sobretudo, uma pessoa que conheça os mercados internacionais do espaço para que possa posicionar melhor Portugal, as suas empresas e instituições nas redes internacionais.

E conhecer bem o contexto português será um factor a ter em conta? Manuel Heitor diz que “claro que isso é interessante”, mas que não é um requisito. “Queremos uma pessoa que nos ajude a crescer, naturalmente que esse crescimento será em Portugal, mas o nosso objectivo é ter cada vez mais Portugal envolvido na indústria europeia do espaço”, afirma, assinalando que também é um objectivo “ter mais a indústria europeia em Portugal a trabalhar”. “O espaço é um sector com potencial de crescimento na Europa e no mundo, e Portugal quer fazer parte desse movimento.”

Sobre os desafios do futuro presidente, o ministro da Ciência refere que terá o “desafio grande” de multiplicar por dez vezes o sector do espaço, tal como indicado na estratégia nacional do espaço (Portugal Espaço 2030). Se em 2019 o sector do espaço facturou em Portugal cerca de 40 milhões de euros, pretende chegar-se, pelo menos, aos 500 milhões de euros em 2030, indica Manuel Heitor. “Este é um desafio da próxima década.”