Militares portugueses voltaram a entrar em combate na República Centro-Africana
Os eventos divulgados na quarta-feira ocorreram a partir do final de Julho.
Os militares portugueses que estão na República Centro-Africana (RCA) ao serviço da Organização das Nações Unidas (ONU), voltaram a entrar em combate, desta vez com milicianos do grupo armado designado 3R, sem terem sofrido baixas ou feridos.
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Os militares portugueses que estão na República Centro-Africana (RCA) ao serviço da Organização das Nações Unidas (ONU), voltaram a entrar em combate, desta vez com milicianos do grupo armado designado 3R, sem terem sofrido baixas ou feridos.
A informação foi divulgada na quarta-feira pelo Estado-Maior-General das Forças Armadas (EMGFA) na sua página na internet.
Apesar de a informação ter sido divulgada na quarta-feira, os eventos a que se refere ocorreram a partir do final de Julho, quando os portugueses, que constituem a Força de Reacção Rápida da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA, na sigla em Inglês), foi projectada para a região de Bocaranga, 550 quilómetros a noroeste da capital, Bangui.
O objectivo era o de conseguir a “dissuasão e restrição de movimentos de elementos afectos ao grupo armado 3R (Regresso, Reclamação, Reconciliação) e contribuir para a melhoria da situação de segurança na região de Bocaranga”, especificou o EMGFA.
Com efeito, até então o 3R tinha feito uma série de ataques - contra civis e militares centro-africanos e da MINUSCA - e estava a operar fora da Região de Koui (25 quilómetros a oeste de Bocaranga), à qual deveria estar circunscrito.
O EMGFA apontou que esta prática do 3R estava em “manifesto incumprimento com o estipulado nos Acordos de Paz assinados em Fevereiro de 2019, entre o Governo da República Centro-Africana e os grupos armados”.
Durante esta deslocação dos militares portugueses, em 14 de Agosto, quando efectuavam uma patrulha em locais onde tinha havido ataques e emboscadas a forças da MINUSCA por parte do 3R detectaram um acampamento deste grupo, com milicianos e armamento.
A situação evoluiu para um confronto armado, que durou três horas, durante o qual duas viaturas dos portugueses foram atingidas.
Depois de garantirem o controlo do acampamento, os militares portugueses apreenderam equipamentos de comunicações, artigos de vestuário e armamento improvisado.
O líder do 3R, Bi Sidi Souleman, conhecido por Sidiki Abbas, foi incluindo na lista de sanções pelo Conselho de Segurança da ONU em 5 de Agosto.
A ONU acusou o 3R de “matar, torturar, violar e deslocar civis, envolvimento no tráfico de armas, actividades fiscais ilegais e entrada em conflito com outras milícias desde a sua criação, em 2015”, apontando que o próprio Sidiki Abbas “também esteve envolvido em actos de tortura”.
Em linha com a decisão, o Tesouro norte-americano anunciou que iria aplicar, de forma imediata, um congelamento dos activos do líder miliciano no seu território.
O grupo 3R foi um dos 14 grupos armados que assinaram um acordo de paz com o Governo, em 6 de Fevereiro de 2019. Em Maio de 2019, pelo menos 34 civis morreram às mãos de elementos seus no noroeste do país.