Trump desafia eleitores da Carolina do Norte a votarem duas vezes nas presidenciais
Apesar de ser ilegal, Presidente dos EUA sugere que se vote por correio e presencialmente. Trump insiste na narrativa de que a votação por correspondência vai originar uma fraude eleitoral e beneficiar os democratas.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, encorajou os eleitores da Carolina do Norte a testarem a segurança do sistema eleitoral do seu estado, desafiando-os a votarem duas vezes nas presidenciais de Novembro — uma pelo correio e outra presencialmente.
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O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, encorajou os eleitores da Carolina do Norte a testarem a segurança do sistema eleitoral do seu estado, desafiando-os a votarem duas vezes nas presidenciais de Novembro — uma pelo correio e outra presencialmente.
A sugestão de Trump constituiria, no entanto, um crime, ao abrigo da lei do estado da Carolina do Norte, bem como fraude eleitoral, que é precisamente o cenário que o Presidente diz querer evitar, por todos os meios, na disputa contra Joe Biden.
“Que o enviem [o voto por correio] e que vão votar. E se o seu sistema for tão bom como dizem, então é óbvio que não conseguirão votar presencialmente”, disse Trump aos jornalistas durante uma visita a Wilmington, na Carolina do Norte, na quarta-feira.
O chefe de Estado norte-americano repetiu essa ideia a alguns dos apoiantes: “Enviem [o vosso voto por correio] mais cedo e depois vão votar. Não podem deixá-los tirar-vos o voto, estas pessoas estão a fazer política suja”, atirou.
Trump tem insistido, mesmo que sem provas e apesar de os factos apontarem para o cenário inverso, que o voto por correspondência — que muitos estados do país estão a expandir devido à pandemia, para evitar grandes multidões no dia das eleições — pode dar origem a fraude eleitoral, em benefício do Partido Democrata.
Do lado democrata argumenta-se, no entanto, que o líder republicano está a preparar o terreno para uma eventual derrota em Novembro. O facto de Trump já ter sugerido que poderá não aceitar esse resultado alimenta as suspeitas, junto da oposição, de que se vai agarrar à tese da fraude eleitoral para transformar a eleição numa batalha judicial.
O voto por correspondência já era o principal método de participação eleitoral em alguns estados norte-americanos. Segundo a Reuters, um em cada quatro eleitores no país inteiro enviou o seu boletim pelo correio na eleição de 2016, que deu a vitória a Trump, sobre Hillary Clinton.
O próprio Presidente já elogiou este método anteriormente e disse ter votado por correspondência várias vezes. Mas agora defende que apenas os eleitores que não residem no estado onde estão registados no dia das eleições devem poder votar desta forma.
Segundo o New York Times, Trump discutiu recentemente com os seus conselheiros a ideia de incentivar as pessoas a votarem duas vezes, precisamente porque a sua comitiva está preocupada que a campanha do Presidente contra o voto pelo correio possa dissuadir os seus próprios apoiantes de votar.
Um porta-voz da comissão eleitoral do estado da Carolina do Norte, Patrick Gannon, disse ao diário nova-iorquino que o sistema eleitoral do estado impediria uma pessoa de apresentar dois votos, porque os funcionários teriam acesso a registos que mostram se o eleitor já exerceu ou não o seu direito de voto pelo correio.
“Votar duas vezes intencionalmente é um crime”, disse Gannon.
A Carolina do Norte é um dos estados onde as sondagens mostram uma corrida mais apertada entre Trump e o seu rival, Joe Biden, que lidera os inquéritos por apenas 1,6 pontos percentuais nesse território, dentro da margem de erro.