“Não queremos ser apenas mais um difusor de concertos, queremos ir mais longe”
Chama-se Be Live See Live, abre a bilheteira neste primeiro dia de Setembro e já tem a agenda quase preenchida até ao final do ano. Com concertos, videoclube, discos e tudo o mais que ligue artistas e público.
Num lento reabrir de salas ainda em tempos de pandemia, surge no mercado português uma plataforma de difusão de concertos que quer ir mais longe do que as já existentes. Chama-se Be Live See Live e abre neste primeiro dia de Setembro a bilheteira para uma série de concertos que terão lugar às quintas-feiras no Estúdio Time Out, em Lisboa, às 21h30. Já anunciados estão os americanos The Last Internationale (dia 10) e os portugueses Valter Lobo (dia 17) e a banda indie rock Ganso (dia 24). Os concertos terão público presente, com lugares sentados (105 numa sala cuja lotação atinge as 700 pessoas em pé, para respeitar as regras do distanciamento) e difusão em directo.
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Num lento reabrir de salas ainda em tempos de pandemia, surge no mercado português uma plataforma de difusão de concertos que quer ir mais longe do que as já existentes. Chama-se Be Live See Live e abre neste primeiro dia de Setembro a bilheteira para uma série de concertos que terão lugar às quintas-feiras no Estúdio Time Out, em Lisboa, às 21h30. Já anunciados estão os americanos The Last Internationale (dia 10) e os portugueses Valter Lobo (dia 17) e a banda indie rock Ganso (dia 24). Os concertos terão público presente, com lugares sentados (105 numa sala cuja lotação atinge as 700 pessoas em pé, para respeitar as regras do distanciamento) e difusão em directo.
Mas a ideia é fazer da plataforma algo mais ambicioso, como diz ao PÚBLICO António Dias, responsável pela Be Live See Live e também pela Crowd Agency. “Com os concertos todos cancelados, começámos a olhar para esta nova oportunidade do live stream, porque cresceu imenso, e a pensar como é que podia ser sustentável.” Isto porque “os artistas deixaram de ter espectáculos e quando retomam, as plateias são reduzidas, implicando que os cachets sejam negociados por valores menores.”
Rentabilizar o trabalho
Como contornar, então, esta realidade? “Existe uma indústria da música, que não são só os artistas, os técnicos e os agentes, são também as editoras, os publishers, muita gente que vive da música. A ideia primordial, aqui, era pôr os artistas a poderem fazer concertos, com os seus técnicos (para terem as luzes e sons a que estão habituados), mas também podermos vender conteúdos que os artistas e as editoras tenham, como discos, t-shirts, seja o que for.” Não só isso. Transmitido cada concerto, em directo, no dia e hora marcados, a ideia é mantê-lo disponível, num espaço de videoclube para que possa ser visto mais tarde, com acesso pago. “Existe ali um investimento, pessoal e humano, da parte das bandas e dos técnicos. Porque não permitir que, cada vez que alguém queira ver esse concerto, o possa ver? Obviamente num sistema pay-per-view, para que eles possam continuar a receber algum rendimento daquele trabalho que fizeram.”
Todos os nomes agora anunciados foram contactados a propósito, durante Agosto. “Já vão partilhando uns com os outros e começam a chegar mais bandas e mais projectos com interesse em participar”, diz António Dias. “A ideia que estamos a passar – e que está a ser bem recebida pelas agências, editoras e pelo mercado independente, que é muito importante no nosso país – é que não queremos ser apenas mais um difusor de concertos. Com estas ferramentas, permitindo o acesso a outros produtos e tendo um serviço de videoclube integrado, queremos ir mais longe.” E isso passa por conciliar os concertos ao vivo, com público a assistir (“o que vai criar uma boa atmosfera para os artistas que estiverem a actuar, porque têm alguém à frente, na sala”) com a difusão em directo, em live streaming. Os bilhetes para cada concerto são negociados com cada artista ou banda, diz António Dias. A média são 10 euros (20, no caso dos americanos The Last Internationale) para os lugares sentados, sendo 3,90 o acesso por streaming.
Um concerto por semana
O objectivo é fazer um concerto por semana até ao fim do ano, sempre às quintas-feiras (com algumas excepções ditadas pela agenda da sala). “Já temos poucas datas livres até Dezembro”, assegura António Dias. Os concertos serão anunciados no site da Be Live See Live, à medida que forem negociados e a expectativa da organização é muita: “O mercado independente tem muito boa música, artistas com muitos seguidores, apesar de não terem às vezes a correspondente visibilidade. Tem muitos artistas de nicho, mas que fazem mexer o mercado e fazem funcionar salas de concertos em todo o país, salas que agora estão fechadas e não têm hipótese de reabrir tão depressa com rentabilidade.”
O arranque será no dia 10 com os nova-iorquinos The Last Internationale, que já somam dois álbuns, We Will Reign (2014) e Soul On Fire (2019), e actuaram em Portugal no NOS Alive em 2018. Dia 17 actua Valter Lobo, com canções do álbum Mediterrâneo (2016) e alguns inéditos a incluir no próximo disco; e dia 24 a banda indie rock Ganso, formada em Lisboa, em 2014, que tem corrido o país e actuado em vários festivais.