António Costa não transmitiu “fielmente” o que disse na reunião, lamenta Ordem dos Médicos

Muitos médicos queriam que António Costa pedisse publicamente desculpa, o que o primeiro-ministro não fez. Bastonário diz que o primeiro-ministro não se retractou de forma “enfática”.

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LUSA/TIAGO PETINGA

O conflito entre a Ordem dos Médicos (OM) e o primeiro-ministro não acabou, afinal. Depois de muitos médicos terem ficado insatisfeitos com as declarações de António Costa no final da audiência com a OM — queriam um pedido de desculpas público —, o bastonário Miguel Guimarães enviou nesta quarta-feira de madrugada uma nota aos 50 mil profissionais do país na qual diz que António Costa “não relevou a mensagem de retractamento da mesma forma enfática” que usou na reunião e acusa-o de não ter transmitido “integralmente e fielmente” aquilo que “minutos antes tinha reconhecido” no encontro.

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O conflito entre a Ordem dos Médicos (OM) e o primeiro-ministro não acabou, afinal. Depois de muitos médicos terem ficado insatisfeitos com as declarações de António Costa no final da audiência com a OM — queriam um pedido de desculpas público —, o bastonário Miguel Guimarães enviou nesta quarta-feira de madrugada uma nota aos 50 mil profissionais do país na qual diz que António Costa “não relevou a mensagem de retractamento da mesma forma enfática” que usou na reunião e acusa-o de não ter transmitido “integralmente e fielmente” aquilo que “minutos antes tinha reconhecido” no encontro.

A audiência foi pedida com urgência pelo bastonário após a divulgação da frase proferida em privado (off the record) pelo primeiro-ministro à margem de uma entrevista dada ao Expresso no fim-de-semana, a propósito dos médicos que a Administração Regional de Saúde mandou para o lar de idosos de Reguengos de Monsaraz onde um surto provocou a morte de 18 pessoas. António Costa marcou-a de imediato. No final do encontro de três horas, nesta terça-feira, parecia que o clima de tensão estava serenado e o primeiro-ministro disse esperar que “todos os mal-entendidos” estivesse esclarecidos. Pelos vistos, não.

Na nota agora enviada aos médicos, assinada também por Carlos Cortes (Centro) e Alexandre Valentim Lourenço (Sul), Miguel Guimarães garante que OM foi “peremptória na necessidade de o primeiro-ministro assumir uma postura diferente para com os médicos” e avisa que esta reunião foi apenas “um começo” para esclarecer “alguns pontos relacionados com” as suas competências estatutárias e os resultados” da auditoria feita ao lar de idosos da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva.

O seu objectivo era de ir bem mais longe, mas não conseguiu, lamenta. Como falou primeiro e António Costa fez declarações no final da conferência de imprensa (os jornalistas não puderam fazer perguntas), o bastonário explica que não pode “deixar mais claro” o que pretendia dizer – que “o apoio continuado aos lares não pode ser atribuído aos médicos de família, da forma cega que o primeiro-ministro a expressou”.

Nesta matéria, a assistência prestada pelos médicos dos centros de saúde aos idosos residentes em lares, o entendimento é diferente do da ministra da Saúde, que, por despacho em Abril passado, determinou que os médicos de família têm que acompanhar, de forma presencial e diariamente, os residentes em lares infectados com o novo coronavírus que não necessitem de internamento hospitalar.

Isto não significa que os médicos de família deixem de acompanhar os residentes "das suas listas nos vários ciclos de vida, nomeadamente quando estão numa estrutura residencial para idosos, quando o apoio configure uma situação de domicílio, como sempre o fizeram até à data”, sublinha a OM . Mas a regra deve ser a de que os lares do sector social e privado passem a “ter apoio médico contratado para garantir que os seus utentes são acompanhados de forma regular”.