Congresso de Medicina Popular de Vilar de Perdizes estreia-se numa edição online
Iniciativa iniciada em 1983 pelo padre Fontes terá este ano um pendor mais científico, com várias comunicações sobre as plantas e a medicina, explica a organização.
O 34.º Congresso de Medicina Popular de Vilar de Perdizes decorrerá este ano, e pela primeira vez, num formato online, a 5 de Setembro. A mudança, imposta pela covid-19, será uma oportunidade de regressar às origens, dando ao evento um pendor mais científico, explicou esta quarta-feira a organização.
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O 34.º Congresso de Medicina Popular de Vilar de Perdizes decorrerá este ano, e pela primeira vez, num formato online, a 5 de Setembro. A mudança, imposta pela covid-19, será uma oportunidade de regressar às origens, dando ao evento um pendor mais científico, explicou esta quarta-feira a organização.
“Este será um ano diferente e uma experiência nova para nós. Vamos ver até que ponto resulta, mas esperamos que sim, pois conseguimos um bom painel, com temas interessantes, afastamo-nos um pouco da temática do esotérico e aproximamo-nos mais da parte científica, numa tentativa de regressarmos às origens”, realçou à Lusa um dos elementos da organização, a cargo da Associação de Defesa do Património Vilar de Perdizes. João Ribeiro lembra que a pandemia de covid-19 “obrigou” o congresso a realizar-se “online”, em vez de decorrer como habitualmente em Vilar de Perdizes, concelho de Montalegre, no distrito de Vila Real.
“Não haverá a feira, que trazia o esotérico a Vilar de Perdizes, mas ainda assim vamos abrir o salão do congresso na aldeia, para a projecção em vídeo do evento, para os locais e também para um ou outro visitante que marque presença, dentro do limite estabelecido para aquele espaço”, sublinhou. De fora na edição de 2020 fica o espaço físico para diversos intervenientes, desde curandeiros, bruxos, videntes, médiuns, astrólogos, tarólogos ou massagistas, que atraíam muitos curiosos e turistas.
O congresso “online” arranca às 10h30 e tem encerramento previsto às 15h30. O programa da manhã conta com a intervenção da engenheira zootécnica Alexandra Contreiras, com o tema “A biodiversidade e o impacto das plantas na saúde”, e de um professor de neurologia e de farmacologia clínica da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, com o tema “Doença de Parkinson -- como tratar a doença para além dos medicamentos”. Já à tarde, Maria Fernanda Botelho (Western Herbal Medicine de Glasgow, Escócia) terá uma intervenção com o tema “As plantas na saúde e na mulher” e o médico oncologista dos Hospitais da Universidade de Coimbra Paulo Tavares fará uma intervenção com o tema “O uso terapêutico da canábis na oncologia”.
“Tentámos fazer um painel atractivo, que não fugisse muito ao que o congresso é, mas que tivesse muito também de universitário e científico. Em todos os painéis haverá espaço para a intervenção do público”, frisou João Ribeiro. O Congresso de Medicina Popular de Vilar de Perdizes, que tem como principal impulsionador o padre António Fontes, que lançou o evento em 1983, procura manter-se activo e será transmitido através do canal da rede social Youtube do município de Montalegre.
Para o vice-presidente da Câmara de Montalegre, David Teixeira, a solução encontrada para o congresso com a sua realização online permite “dar um salto para as novas tecnologias”. “Muito se discutia sobre o caminho e o rumo a dar a este congresso e a covid-19 ajuda a encontrar uma solução diferente. É um risco que temos de correr, mas é também um desafio no ano em que estamos a viver”, realçou.
Para o autarca, apesar de se perder a proximidade que as pessoas criaram com o padre Fontes, em Vilar de Perdizes, haverá, no entanto, uma conquista ao transportar o congresso para os meios digitais. “Será uma grande hipótese para se internacionalizar mais e melhor este congresso. Vamos também voltar à raiz do mundo mais académico, pois o programa deste ano volta a conquistar esse espaço”, apontou.