NBA adia playoffs depois dos Milwaukee Bucks boicotarem jogo em protesto contra a violência policial
Equipa de Wisconsin boicotou jogo e recusou-se a sair dos balneários para protestar contra mais um caso de violência policial nos Estados Unidos. Equipa adversária, os Orlando Magic, diz-se solidária. Regresso da NBA, em Julho, já tinha sido marcado por protestos contra o racismo.
A NBA decidiu adiar vários jogos dos playoffs esta quarta-feira depois dos Milwaukee Bucks, de Wisconsin, boicotarem a partida com os Orlando Magic em protesto contra mais um caso de racismo e a violência policial nos Estados Unidos, escreve o The New York Times. O protesto acontece ao mesmo tempo que dezenas de cidadãos têm, nos últimos quatro dias, saído às ruas para se manifestarem depois de Jacob Blake, norte-americano negro, ter sido baleado sete vezes por um polícia, pelas costas e à queima-roupa, no domingo.
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A NBA decidiu adiar vários jogos dos playoffs esta quarta-feira depois dos Milwaukee Bucks, de Wisconsin, boicotarem a partida com os Orlando Magic em protesto contra mais um caso de racismo e a violência policial nos Estados Unidos, escreve o The New York Times. O protesto acontece ao mesmo tempo que dezenas de cidadãos têm, nos últimos quatro dias, saído às ruas para se manifestarem depois de Jacob Blake, norte-americano negro, ter sido baleado sete vezes por um polícia, pelas costas e à queima-roupa, no domingo.
Esta quarta-feira, os Bucks decidiram não comparecer ao jogo número cinco da primeira ronda dos playoffs com os Orlando Magic. O anúncio da NBA foi feito já depois de a equipa de Orlando ter sido vista a abandonar a arena e a entrar no autocarro durante a altura em que o jogo deveria estar a decorrer.
Segundo o diário, os jogadores dos Bucks recusaram-se a sair do balneário na hora do jogo, por volta das 21h em Portugal. Pouco depois, os Magic divulgaram um comunicado em que dizem estar em sintonia com os Milwaukee Bucks e com o resto da liga.
“Hoje estamos unidos à NBA, à Associação Nacional de Jogadores de Basquetebol, aos Milwaukee Bucks e ao resto da liga, e condenamos o preconceito, a injustiça racial e o uso injustificado da violência pela polícia contra pessoas de cor”, lê-se na nota da equipa.
A Liga norte-americana de basquetebol e a associação de jogadores confirmaram, entretanto, que pelos mesmos motivos os três jogos desta quarta-feira, incluindo este, foram adiados para data a definir, depois de a imprensa especializada local avançar que também os atletas de LA Lakers e Portland Trail Blazers, e Houston Rockets e Oklahoma Thunder, que se iriam defrontar nos outros encontros da jornada, iam boicotar as partidas.
Alguns jogadores dos Boston Celtics e dos Toronto Raptors disseram esta quarta-feira que também estavam a considerar boicotar o primeiro jogo da sua série de playoffs, que aconteceriam na noite de quinta-feira. “Tentámos ser pacíficos e ajoelharmo-nos. Tentámos protestar. Tentámos vir aqui, reunir-nos, jogar este jogo e tentar fazer com que a nossa voz fosse ouvida. Mas não está a funcionar e é óbvio que algo precisa de ser feito. Neste momento, o nosso foco não deveria estar no basquetebol”, disse Marcus Smart, dos Celtics, na terça-feira.
Ainda de acordo com o New York Times, alguns jogadores levantaram mesmo a possibilidade de abandonar as instalações em Orlando onde estão a ser disputados os últimos jogos da temporada depois de a pandemia obrigar o mundo desportivo a fazer uma pausa.
O técnico dos Raptors, Nick Nurse, disse aos jornalistas que os jogadores estão a tentar exigir mais acções. “Isto é o que eles querem. Acho que há atenção suficiente, só não existem acções”, disse.
No Twitter, o vice-presidente da formação de Milwaukee afirmou que “algumas coisas são maiores do que o basquetebol”. “A posição hoje tomada por jogadores e organização mostra que estamos fartos. Já chega. A mudança precisa de acontecer, e estou incrivelmente orgulhoso dos nossos rapazes. Estamos 100% com eles e prontos a ajudar a trazer mudanças a sério”, escreveu.
A medida recebeu apoio de jogadores da NBA das mais diversas equipas, incluindo de LeBron James, dos LA Lakers, que também iriam jogar esta noite, tendo declarado estar “farto disto” no Twitter. “Exigimos mudanças”, escreveu o jogador.
Regresso já tinha sido marcado por protestos
Os dois primeiros jogos da Liga norte-americana de basquetebol depois da paragem de mais de quatro meses, disputados no fim de Julho, já tinham ficado marcados por protestos contra o racismo, com jogadores e treinadores a cantarem o hino ajoelhados.
Antes dos encontros Utah Jazz-New Orleans Pelicans (106-104) e LA Lakers- LA Clippers (103-101), os jogadores fizeram o aquecimento com camisolas pretas, com a inscrição “Black Lives Matter” e abraçados e ajoelhados entoaram o hino dos Estados Unidos. Alguns jogadores substituíram mesmo os seus nomes nas camisolas, por palavras como liberdade, igualdade e respeito.
Este domingo, na cidade de Kenosha, Jacob Blake, norte-americano negro, foi baleado sete vezes por um polícia, pelas costas e à queima-roupa. O homem está paralisado da cintura para baixo e “a lutar pela vida”. O incidente, gravado em vídeo por testemunhas, provocou uma nova onda de protestos contra o racismo e o uso da força pela polícia norte-americana.
Esta terça-feira, duas pessoas morreram e uma ficou ferida com gravidade após confrontos nas ruas de Kenosha, no estado do Wisconsin, EUA. E esta quarta-feira, um adolescente de 17 anos foi detido pelas autoridades do Illinois, estado vizinho de Wisconsin, por ser suspeito de matar duas pessoas durante os protestos.