Decisão de Messi faz soar os alarmes em Barcelona
Adeptos juntaram-se às portas de Camp Nou para exigir a demissão do presidente do Barça e pedir que o astro argentino continue no clube. Imprensa internacional avança que o jogador argentino já falou com o antigo treinador Pep Guardiola sobre uma possível mudança para o Manchester City.
A vontade de Lionel Messi deixar o Barcelona, expressa na terça-feira pelo jogador argentino, fez soar os alarmes dos apoiantes do clube “blaugrana". O anúncio motivou protestos de adeptos junto a Camp Nou, exigindo a demissão do presidente, Josep Maria Bartomeu, com quem é sabido que Messi e outros jogadores do plantel não mantêm boas relações há já algum tempo.
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A vontade de Lionel Messi deixar o Barcelona, expressa na terça-feira pelo jogador argentino, fez soar os alarmes dos apoiantes do clube “blaugrana". O anúncio motivou protestos de adeptos junto a Camp Nou, exigindo a demissão do presidente, Josep Maria Bartomeu, com quem é sabido que Messi e outros jogadores do plantel não mantêm boas relações há já algum tempo.
Os adeptos junto ao estádio pediram, durante a noite de terça-feira, a demissão de Bartomeu, expressando ainda a vontade de manter o astro argentino que ajudou o clube a vencer 34 troféus ao longo da sua carreira em Barcelona.
“É um enorme ultraje. Nunca pensei que alguma vez fosse acontecer... Podemos aceitar derrotas no desporto, mas não consigo lidar com a partida de Messi”, dizia à Reuters um adepto. “Vamos defendê-lo até à morte. A culpa não é dele. A culpa é da direcção do clube”.
O desejo do craque argentino de abandonar o clube levou também a que um aspirante a candidato à presidência, Jordi Farré, tenha apresentado uma moção de censura contra a direcção de Bartomeu. O presidente do Barcelona entre 2003 e 2010, Joan Laporta, que anunciou este ano estar a preparar nova candidatura, também exigiu a demissão imediata de Bartomeu, acusando a direcção de ter “minado a moral de Messi para se salvar do descalabro económico e desportivo que criou”.
A direcção do clube já se reuniu depois do anúncio de Messi, mas o presidente do Barcelona não deve, para já, abandonar o cargo. Segundo o jornal El Español, o presidente é pressionado a manter-se no clube até ao fim do mandato, visto que a demissão significaria perdas financeiras graves para vários membros da direcção.
Os motivos da insatisfação
Lionel Messi já tinha manifestado publicamente a sua insatisfação com várias situações vividas no clube nos últimos tempos, entre as quais a forma como a direcção agiu na altura em que eram discutidos os cortes salariais devido à covid-19.
Os episódios mais recentes de insatisfação surgiram no rescaldo da derrota por 8-2 contra o Bayern de Munique, nos quartos-de-final da Liga dos Campeões. Josep Maria Bartomeu declarou que o maior problema do clube era uma série de jogadores veteranos que já não eram bons o suficiente.
Seguiu-se o despedimento do treinador, Quique Setién, e a contratação de Ronald Koeman, de quem Messi não terá tido boa impressão depois do primeiro contacto, tendo avançado que se via “mais fora do que dentro do clube”.
A gota de água para Messi terá sido a forma como o Barça tratou Luis Suárez, um dos companheiros mais próximos do craque argentino. Segundo o jornal Marca, Ronald Koeman terá dito ao avançado uruguaio que não contava com ele para a próxima temporada por chamada telefónica.
O treinador holandês quer remodelar a equipa e substituir algumas das peças mais velhas por novos valores, indo ao encontro da vontade da direcção, que pretende aliviar a folha salarial. Esta quarta-feira, o director-desportivo do Barça, Ramón Planes, afirmou, no entanto, que o clube pretende “construir uma equipa à volta do melhor jogador do mundo”. Durante a conferência de imprensa de apresentação do português Francisco Trincão, Ramón Planes afirmou que o clube conta com Messi e que está a trabalhar “para construir uma equipa ganhadora, mas com muito respeito pelos jogadores que ganharam muita coisa”.
"Não podemos fazer disto uma disputa entre o Messi e o Barcelona, porque nenhum dos lados o merece. Vamos trabalhar muito para conseguir um Barça ganhador”, afirmou.
Rumo ao Manchester City?
Ainda não é claro se o craque argentino vai poder abandonar livremente o clube ao abrigo de uma cláusula que possibilita a rescisão do contrato no final de cada temporada. O clube argumenta que o prazo para comunicar essa decisão terminou a 10 de Junho, mas os representantes de Messi contrapõem que a cláusula ainda pode ser activada: argumentam que a covid-19 obrigou a que as competições se tenham estendido até Agosto, alargando assim o prazo e abolindo a cláusula de rescisão de 700 milhões de euros.
O nome de Lionel Messi tem sido ligado há alguns dias ao Inter de Milão, mas o destino que a imprensa considera estar com mais força é o Manchester City. De acordo com a Catalunya Radio, a RAC 1 e o The Athletic, o jogador de 33 anos já terá falado nos últimos dias com o técnico dos “citizens", Pep Guardiola, treinador do Barcelona entre 2008 e 2012 e com quem Messi mantém muito boas relações.
A ida para Inglaterra tem poucos entraves caso Messi possa sair do clube “de graça” e o projecto desportivo vai ao encontro do que o jogador pretende e que o Barça não consegue garantir: aproveitar os últimos anos ao mais alto nível numa equipa com aspirações a vencer a Liga dos Campeões, troféu que lhe escapa desde 2015.
Segundo avança a ESPN, o Manchester City está a considerar um contrato de longa duração que incluiria uma mudança, ao fim de três temporadas na Premier League, para o parceiro da liga norte-americana de futebol (MLS), o New York City FC.
Se o City for obrigado a negociar, a situação pode complicar-se. Não falta dinheiro ao emblema de Manchester, é certo, mas as contas do clube estão sob olhar atento da UEFA e do Tribunal Arbitral do Desporto. A ESPN adianta que o City está disposto a desembolsar entre 100 e 150 milhões de euros, o que pode dificultar a negociação com o Barcelona, que já terá fixado um preço mínimo para deixar Messi sair. De acordo com a Marca, o Barça não deixa a estrela sair por menos de 223 milhões de euros, um milhão a mais do que o valor do negócio que levou Neymar para o Paris Saint-German. A confirmar-se, será a transferência mais cara da história do clube.