Bielorrússia: Manifestantes saem em força à rua, desafiando avisos e ameaças

Multidão impressionante na principal avenida de Minsk e ruas perto, com manifestantes a ignorar avisos dos Ministério da Defesa e do Interior.

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Dezenas de milhares de pessoas querem novas eleições na Bielorrússia Reuters/VASILY FEDOSENKO

Dezenas de milhares de manifestantes protestam contra o regime de ​Aleksander Lukashenko em Minsk, a capital da Bielorrússia, neste domingo, ainda que o exército tenha avisado que seriam os militares —​ e não a polícia — que iria intervir caso houvesse problemas perto de monumentos, e de o Ministério do Interior ter, pelo seu lado, declarado que os protestos eram ilegais.

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Dezenas de milhares de manifestantes protestam contra o regime de ​Aleksander Lukashenko em Minsk, a capital da Bielorrússia, neste domingo, ainda que o exército tenha avisado que seriam os militares —​ e não a polícia — que iria intervir caso houvesse problemas perto de monumentos, e de o Ministério do Interior ter, pelo seu lado, declarado que os protestos eram ilegais.

Mas ninguém parece ter sido amedrontado pelos avisos, e uma enorme multidão encheu a Praça da Independência e as ruas adjacentes, para protestar contra o resultado das eleições de 9 de Agosto, que deram oficialmente a vitória a Lukashenko, há 26 anos no poder. 

As eleições foram descritas pelo alto representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell, como “nem livres, nem justas”: o resultado deu 80% dos votos a Lukashenko, o que ninguém acredita ser possível. E não foram reconhecidas na reunião de emergência do Conselho Europeu da semana passada.

Nos protestos iniciais houve milhares de detenções e relatos de maus tratos e tortura, e depois de uma semana de comícios e golpes de publicidade a favor de Lukashenko, muitos esperavam que os protestos da oposição começassem a desmobilizar, diz New York Times.

Isso não aconteceu, e as ruas estavam cheias de pessoas com a bandeira vermelha e branca, que o país tinha antes de Lukashenko, e algumas pessoas traziam ainda a bandeira actual, descreve o New York Times, num sinal de que é generalizada a vontade de que o Presidente saia de cena. Querem novas eleições, e livres.

Não houve detenções nem confrontos, apesar da presença de camiões de polícia de choque e das afirmações dos ministérios da Defesa e do Interior. O próprio Lukashenko disse que os manifestantes tinham até segunda-feira para “se acalmar”.

Este domingo, um pequeno grupo de manifestantes aproximou-se da residência de Lukashenko, cercada por forças de segurança. À passagem de um helicóptero, que partia do palácio, gritaram “cobarde!”, antes de se dirigirem para o centro da cidade, onde se concentrava o protesto. Foi a primeira vez que os manifestantes se deslocaram até perto da residência de Lukashenko, nota a agência Reuters.

Ao fim do dia, Lukashenko aterrou de helicóptero no palácio; imagens mostravam-no a sair com uma Kalashnikov semi-automática na mão e vestido com um colete à prova de bala.​

A dimensão da vitória declarada e a repressão aos manifestantes fizeram com que anteriores apoiantes do regime o vão abandonando: tem havido demissões de alguns elementos das forças de segurança (com vídeos a arrancar distintivos ou deitar uniformes em caixotes do lixo), greves em empresas públicas, ou jornalistas que dizem estar fartos de mentir, enumera o Washington Post.

O futuro do seu regime, resume o diário norte-americano, depende de quanta violência está disposto a usar, de quanto poder de resiliência têm os manifestantes, e de que ajuda poderá Lukashenko ter de Moscovo.