Miguel Oliveira, o primeiro triunfo surgiu na última curva

Português venceu o Grande Prémio da Estíria, na Áustria, levando Portugal, pela primeira vez, ao topo da cadeia do MotoGP.

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Mais cedo ou mais tarde, a vitória haveria de chegar. A convicção de Miguel Oliveira (KTM) materializou-se neste domingo, no Grande Prémio da Estíria, quinta paragem do Campeonato do Mundo de MotoGP. Numa corrida com um final alucinante, digno de um filme de suspense, o piloto de Almada acelerou para o primeiro triunfo da carreira ao mais alto nível, que correspondeu à estreia de Portugal no pódio da categoria-rainha do motociclismo de velocidade.

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Mais cedo ou mais tarde, a vitória haveria de chegar. A convicção de Miguel Oliveira (KTM) materializou-se neste domingo, no Grande Prémio da Estíria, quinta paragem do Campeonato do Mundo de MotoGP. Numa corrida com um final alucinante, digno de um filme de suspense, o piloto de Almada acelerou para o primeiro triunfo da carreira ao mais alto nível, que correspondeu à estreia de Portugal no pódio da categoria-rainha do motociclismo de velocidade.

As indicações recolhidas nos treinos livres já tinham sido positivas. Nas duas primeiras sessões tinha sido o quarto mais rápido, posição que acabou por não conseguir manter na qualificação. Por isso, partiu do sétimo lugar no circuito de Spielberg, na Áustria, a casa da Red Bull KTM, mostrando-se optimista quanto à hipótese de atacar os lugares de topo.

O andamento de Miguel Oliveira nas corridas anteriores deixava no ar a ideia de estar a encurtar cada vez mais distâncias. E o azar/incidente registado na passada semana, que envolveu o colega Pol Espargaró, foi apenas a confirmação de que, na ausência de um percalço maior, subiria na hierarquia com relativa naturalidade.

Segunda partida brilhante

Optando por uma abordagem assente na segurança, o português passou parte do início da corrida a defender-se das Ducati e a tentar manter o contacto com o grupo da frente. Ainda caiu duas posições, temporariamente, mas a partir da 12.ª das 28 voltas, o percurso foi de recuperação. Especialmente depois da segunda partida, provocada por um despiste de Maverick Viñales (Yamaha) - terá ficado sem travões - que obrigou à amostragem da bandeira vermelha.

Ao segundo “take”, Oliveira mostrou ao que ia, com um arranque que, logo na terceira curva, o colocou no quarto lugar. À sua frente, tinha o líder da corrida, Jack Miller, seguido de Joan Mir e Pol Espargaró. A ordem entre o trio da frente foi alternando até que, a sete voltas do fim, o português ultrapassou Mir e ascendeu à terceira posição.

A corrida tinha todos os ingredientes para um final alucinante, com Miller e Espargaró num duelo permanente e Oliveira, ainda que com Andrea Dovizioso no retrovisor, à espreita de algo mais. Rigoroso e paciente, o português da Tech3 foi aguardando por uma oportunidade, que haveria de chegar na última curva da última volta.

O braço-de-ferro entre os dois da frente foi provocando desgaste e alguns erros de abordagem e Miguel Oliveira, totalmente alerta, aproveita uma saída muito larga de Espargaró na derradeira curva para fazer uma dupla ultrapassagem por dentro. De repente, e já com a meta à vista, saltava do terceiro para o primeiro lugar do pódio. Segundos depois, tinha o staff da Tech3 aos saltos no pitlane e as mãos no capacete, incrédulo com o que acabara de suceder.

"Fizemos história hoje"

“Primeiro quis certificar-me de que era a última volta. Não tinha a certeza se o quarto classificado estava perto ou não, por isso concentrei-me apenas nos da frente. Na última volta, vi que o Pol adoptou uma trajectória mais defensiva e pensei que os dois poderiam perder tempo e que eu poderia tirar vantagem”, explicou Miguel Oliveira, já depois de ter feito uma volta de consagração com a bandeira de Portugal aos ombros.

Era um momento único. O momento em que um piloto com cartão de cidadão português chegava ao pódio do MotoGP, e logo para ocupar o mais valioso dos degraus. “Não sei o que dizer, estou muito emocionado. Há tanto que gostaria de dizer. Quero começar por agradecer a toda a gente que acreditou em mim, a começar pela família, à equipa, os patrocinadores, os fãs portugueses, mostrámos que somos os melhores”, começou por dizer, ainda antes de ser tocado o hino nacional. “Fizemos história, hoje, para Portugal”.

Para quem tinha deixado em pista o sentimento de alguma injustiça em corridas passadas, com a noção de que já poderia ter chegado ao top3 noutras ocasiões, este foi um jackpot absoluto. “Merecemos este triunfo pela forma como temos lutado desde o ano passado. Entrámos nesta época com muito potencial, mas, por uma ou outra razão, não conseguíamos... Estou radiante por poder dar este troféu à equipa”. A julgar pelos abraços e pelos sorrisos rasgados na box da Tech3, o estado de espírito era idêntico. 

“Esteve sempre no sítio certo”

Esta prestação ganha um significado acrescido para o motociclismo nacional num ano em que Portugal conseguiu atrair um Grande Prémio de MotoGP, previsto para 22 de Novembro, e mais uma etapa do Mundial de Superbikes. 

 “Isto é bom para o Grande Prémio de Portugal. Mas ainda faltam muitas corridas”, sublinha o presidente da Federação Internacional de Motociclismo (FIM), Jorge Viegas, mostrando-se “orgulhoso” da performance do compatriota. “Esteve sempre no sítio certo durante a corrida”, elogiou, confiando em mais sucessos no futuro.

Até que ponto este triunfo poderá ser a mola impulsionadora de novos voos em 2020, só o tempo dirá. Para já, Oliveira ocupa o nono lugar da classificação do Mundial de pilotos, mas está apenas a seis pontos do quarto lugar. Mais do que isso, ao tornar-se no 112.º  piloto a ganhar uma corrida de MotoGP, acabou com qualquer dúvida que restasse sobre a capacidade para discutir o pódio. E para terminar o dia em beleza, levou para casa o BMW que a marca tinha reservado como prémio para o vencedor.