O fim de um mundo em Beirute
Um estilhaço acaba de entrar no olho de Marwan. Ainda cai vidro em cima de quem ajuda. Quilómetros de cidade em ruínas. Um país sem governo, entregue à força de cada um, de muitos por todos. A explosão em Beirute é a bomba-relógio de um sistema.
Este rapaz ao volante está tão farto. Mais que farto: “Furioso. Enojado.” Vamos ao longo do mar, na cidade onde ele mora, Beirute, destruição à esquerda, destruição à direita, destruição mais uma vez, só que agora como nunca, de uma só vez. E anúncios acabados de colocar ao longo das ruas, dos viadutos, dos passeios, prometem que a fénix vai renascer, mais uma vez renascer. “I WILL SURVIVE”, diz um cartaz em inglês; “Beirute, Mille fois morte, mille fois revécue”, diz outro em francês. E isso é só parte do que enfurece este rapaz alto, esguio, bonito, que se chama Ali, nome comum entre os muçulmanos xiitas: “Odeio esta retórica, como se fosse natural passarmos por isto, como se fosse o nosso destino. Justifica tudo o que acontece. Só um álibi para as máfias que sempre nos governaram.”