Anda por Lisboa um autocarro que é a “versão 2.0 dos passeios turísticos”

As paredes e o tecto do minibus da Smart Sightseeing são janelas e a parte da frente é um ecrã gigante que explica os pontos turísticos.

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Para um turista que quer conhecer rapidamente um destino, um dia de calor abrasador ou uma chuva torrencial podem não ser convidativos aos passeios nos tradicionais autocarros abertos que fazem circuitos pelos principais pontos turísticos das cidades.

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Para um turista que quer conhecer rapidamente um destino, um dia de calor abrasador ou uma chuva torrencial podem não ser convidativos aos passeios nos tradicionais autocarros abertos que fazem circuitos pelos principais pontos turísticos das cidades.

Esse foi um dos problemas que Paulo Parreira quis combater com a Smart Sightseeing, em Lisboa. O objectivo “não é reinventar a roda”, mas sim “fazer um upgrade e criar a versão 2.0 dos autocarros turísticos”. E como é que se faz isso? Com um minibus feito à medida rodeado de janelas – até no tecto e com um ecrã gigante à frente que cria uma experiência de visão quase 360º para percorrer as ruas da baixa de Lisboa num espectáculo multimédia. “Antigamente havia os telemóveis, agora há os smartphones. Antigamente havia os relógios, agora há os smartwatches. Isto é a simples evolução dos [autocarros de] sightseeing que estão iguais desde o século passado”, aponta Paulo Parreira.

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O autocarro arranca dos Restauradores às horas certas, todos os dias, entre as 9h00 e as 23h00 Nuno Ferreira Santos

O empreendedor, nascido em Coimbra, mas que já se diz natural de Lisboa, há quase dois anos que tenta “conjugar o triângulo” entre ter a ideia, perceber se é concretizável tecnicamente e jogar com os constrangimentos legais. Sabendo que os autocarros de sightseeing são “uma peça fundamental na actividade turística”, a experiência de vários anos no sector aliada à visão específica que a formação em engenharia mecânica lhe concedeu, fez com que identificasse vários problemas na “forma tradicional de fazer a coisa”.

Em primeiro lugar está o conforto. “Quem manda nos autocarros actuais é São Pedro e isso não me parece a coisa mais fiável do mundo”, começa por enumerar divertidamente. Assim, faça chuva, faça sol, quem controla o clima dentro do autocarro é o ar condicionado. Uma vez que durante o período de pandemia existe o medo de espaços fechados, investiu-se num sistema de purificação do ar. Também a lotação do autocarro está reduzida a 13 lugares, do total de 18.

“Depois há a questão de que normalmente só se mostra a cidade e só mesmo os locais por onde se passa”, afirma, e acrescenta que sente falta da “explicação do que se está a ver”. Para colmatar situação, introduziu-se um ecrã gigante na frente do autocarro e acompanha-se a viagem com a Maria Lisboa, a actriz que serve de guia turística e explica a história e características dos vários pontos turísticos de uma forma leve e divertida, enquanto deixa apontamentos e curiosidades tipicamente lisboetas. “No final desta viagem já se podem considerar alfacinhas!”, exclama a personagem mal o autocarro arranca.

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A personagem Maria Lisboa é a guia virtual da visita Nuno Ferreira Santos

A imagem padrão que é mostrada em directo no ecrã vem de uma câmara montada na frente do veículo – o que contribui para a experiência panorâmica –, mas vai sendo intercalada com pequeno filmes que, controlados através de um sistema de GPS, são “disparados” momentos antes de os viajantes passarem pelas ruas, monumentos ou vistas que acabaram de descritas. Assim, aprende-se com o que se vê no filme e com o que se ouve nos auriculares que saem do tablet instalado no banco à frente acerca de, por exemplo, o Terreiro do Paço, momentos antes de o autocarro entrar na praça, libertando a atenção para a vista através das janelas.

Para que os passageiros se sintam “parte da cidade”, nos auriculares também se pode ouvir os acordes das guitarras num fado ao longo da Mouraria ou os cantos tradicionais dos Santos Populares quando se passa em Alfama.

“E porque não fazer também à noite?”, questionou-se Paulo Parreira. Já que há a possibilidade de mostrar no ecrã o que não se vê na escuridão da noite, o minibus da Smart Sightseeing arranca dos Restauradores de hora em hora, todos os dias das 9h00 às 23h00, para circuitos de 50 minutos que passam em 15 pontos turísticos de Lisboa como o Rossio, Portas do Sol, Alfama, Bairro Alto, Príncipe Real e a Avenida da Liberdade. Os bilhetes custam 15 euros para adultos e 9 euros para crianças e as explicações estão disponíveis em oito línguas.

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Paulo Parreira, criador da Smart Sightseeing, aliou a experiência no sector do turismo à formação em engenharia mecânica Nuno Ferreira Santos

A primeira viagem fez-se no final de Julho, o que levanta a “questão de ouro”, como caracteriza Paulo Parreira: porquê começar agora durante a pandemia?

A ideia, segundo descreve o responsável, é testar já o conceito, mesmo que não se cumpram os objectivos financeiros. “Estivemos um ano e meio, dois anos a pensar nisto, mas não sabemos se o conceito pega”, sublinha Paulo Parreira. Perante a “ansiedade”, é hora de “ir a jogo ver se corre bem, se as pessoas aderem”. Segundo o próprio, pelo menos as expectativas quando à satisfação dos clientes têm sido atingidas.

Mais do que a falta de turistas, o empreendedor descreve que o grande problema está a ser a comunicação que já não pode ser feita através de panfletos nos postos de informação e hotéis num período de pandemia. Por isso, a solução está no online, mas até aí tem sido difícil. “Imagine-se que vai a Madrid e vê um autocarro destes. Pode fazer uma publicação nas redes sociais, mas os seus amigos não estão em Madrid nem vão a correr para dar uma voltinha no autocarro”, esclarece. Por isso, “as coisas agora são mais lentas”.

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Independentemente do clima lá fora, é o ar condicionado que gere a temperatura dentro do autocarro Nuno Ferreira Santos

Nesta fase de testes, cada viagem serve para recolher feedback dos clientes e perceber quais as alterações que a Smart Smartseeing pode fazer às viagens, de forma a melhorar o segundo autocarro que se planeia que possa sair para as ruas e reforçar as viagens nos próximos meses.