Ousmane Sembène e a luz do cinema africano
Como dizia numa das últimas entrevistas, perante certas questões “o Ocidente deve limitar-se ao papel de testemunha” e não se imiscuir. Os seus filmes, onde não há um plano para impressionar europeus (sejam eles cinéfilos ou intelectuais pós-coloniais), ilustram esse credo. Cineasta em foco no IndieLisboa.
Para melhor compreender a importância do senegalês Ousmane Sembène (1923-2007), um dos autores em foco na secção Herói Independente do IndieLisboa, convém fazer um exercício de perspectiva. Imaginar o mundo no princípio dos anos 60, as antigas colónias francesas em África (como o Senegal) recém-chegadas à independência política e com quase tudo para construir em nome próprio, inclusive as imagens, pois até aí o cinema de África fora feito pelas potências coloniais, ou na perspectiva — por vezes seminal, como no caso dos filmes de Jean Rouch — do antropólogo ou do observador estrangeiro.
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Para melhor compreender a importância do senegalês Ousmane Sembène (1923-2007), um dos autores em foco na secção Herói Independente do IndieLisboa, convém fazer um exercício de perspectiva. Imaginar o mundo no princípio dos anos 60, as antigas colónias francesas em África (como o Senegal) recém-chegadas à independência política e com quase tudo para construir em nome próprio, inclusive as imagens, pois até aí o cinema de África fora feito pelas potências coloniais, ou na perspectiva — por vezes seminal, como no caso dos filmes de Jean Rouch — do antropólogo ou do observador estrangeiro.