Presidente do Banco Mundial defende perdão de dívida dos países mais pobres
Recessão provocada pela covid-19 está-se a tornar numa depressão, segundo David Malpass. Banco Mundial mobilizou 160 mil milhões de dólares para ajudar os sistemas de saúde e de educação, apoiar os trabalhadores e tentar travar as ameaças de fome.
O presidente do Banco Mundial, David Malpass, apelou, em entrevista ao jornal The Guardian, para que seja feito um plano mais ambicioso de alívio da dívida dos países mais pobres, pois acredita que recessão provocada pela covid-19 está a tornar-se em depressão nesses territórios.
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O presidente do Banco Mundial, David Malpass, apelou, em entrevista ao jornal The Guardian, para que seja feito um plano mais ambicioso de alívio da dívida dos países mais pobres, pois acredita que recessão provocada pela covid-19 está a tornar-se em depressão nesses territórios.
David Malpass sugeriu a primeira grande revogação de dívida desde o G8 de 2005 (acordo em que foram perdoadas as dívidas dos 18 estados mais pobres, 14 dos quais africanos). Segundo o chefe do Banco Mundial, mais cem milhões de pessoas foram empurradas para a pobreza com a crise de covid-19.
“Isto é pior do que a crise financeira de 2008 e para a América Latina pior do que a crise da dívida dos anos 80”, disse o presidente do Banco Mundial. “A recessão transformou-se numa depressão para alguns países”, afirmou, demonstrando-se contudo “optimista” de que haja uma solução.
“O problema imediato é um problema de pobreza. Há pessoas à beira do abismo. Fizemos progressos nos últimos 20 anos. Populações inteiras saíram da pobreza extrema. O risco, à medida que a crise económica se instala, é que as pessoas caiam de novo na pobreza extrema.” O líder do Banco Mundial disse que há uma perspectiva “preocupante” que estas pessoas passem fome.
Malpass acrescentou ainda que a desigualdade ficou ainda mais marcada entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento. “As recessões são ainda piores no mundo em desenvolvimento do que nas economias avançadas”, explicou.
O presidente do Banco Mundial elogiou o facto do grupo das sete economias mais desenvolvidas (G7) estar a considerar prolongar os prazos de pagamento da dívida, que acabavam este ano, até 2021, mas não considera isto suficiente. “Até ao momento, temos estado a fornecer alívio para o pagamento da dívida, acrescentando o que não foi pago no final [do prazo]” - “no caso dos países que já estão muito endividados, precisamos de olhar para o stock da dívida”, disse, pedindo mais transparência nos termos da contracção de dívida e sugerindo novos actores privados.
David Malpass indicou, na entrevista ao jornal britânico, que o Banco Mundial mobilizou 160 mil milhões de dólares (cerca de 134 mil milhões de euros ao câmbio actual) para empréstimos e subsídios para aliviar a pressão nos sistemas de saúde e tentar travar o aumento do número de crianças sem ir à escola, a perda de rendimentos daqueles que trabalham na economia informal e as ameaças de fome. A pandemia impediu crianças de irem à escola, lembrou, considerando tal uma “enorme tragédia”.