ARS dos Açores diz que organização de tourada não cumpriu orientações

Espectáculo tauromáquico realizado no passado sábado na Praça de Toiros da Ilha Terceira terá contado com mais de duas mil pessoas.

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Touradas voltaram aos Açores e à Ilha Terceira no início do mês de Agosto Reuters/RAFAEL MARCHANTE

A Autoridade de Saúde Regional (ARS) dos Açores acusa a organização de uma tourada na ilha Terceira de não ter cumprido as orientações emanadas, devido à covid-19, mas o Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande refuta as acusações.

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A Autoridade de Saúde Regional (ARS) dos Açores acusa a organização de uma tourada na ilha Terceira de não ter cumprido as orientações emanadas, devido à covid-19, mas o Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande refuta as acusações.

“Não é de todo compreensível que depois de terem participado na elaboração da circular, e depois de uma actualização, não seja cumprido o que está disposto nessa circular. Ou quem de direito, responsável pela organização dos eventos, reconhece efectivamente que as coisas não correram bem e assume o compromisso de cumprir com as orientações e recomendações ou temos de fazer efectivamente aqui uma suspensão”, afirmou, em declarações à agência Lusa, o responsável máximo da ARS dos Açores, Tiago Lopes.

Em causa está um espectáculo tauromáquico realizado no passado sábado na Praça de Toiros da Ilha Terceira, organizado pelo Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande, em que terão participado mais de duas mil pessoas.

Segundo Tiago Lopes, que é também director regional da Saúde, as imagens veiculadas pela comunicação social comprovam que não foi cumprida uma das principais orientações da circular informativa, que define as medidas a adoptar na realização de espectáculos tauromáquicos, no âmbito da pandemia da covid-19, publicada em 4 de Agosto.

“Os lugares para o público devem ser marcados e vendidos como tal, precisamente para evitar a aglomeração de pessoas de forma desorganizada e mesmo até, num possível diagnóstico de um caso positivo, assim inviabilizar a identificação de contactos próximos que possam ter estado junto desse caso positivo”, apontou.

“Isso não aconteceu e levou a que as pessoas comprassem os seus bilhetes e desorganizadamente se sentassem onde bem entendessem, o que levou à aglomeração de pessoas em determinados sectores das bancadas, coisa que não deveria ter acontecido e que foi articulada com qualquer uma das entidades organizadoras”, acrescentou.

Este foi o segundo espectáculo realizado na Praça de Toiros da Ilha Terceira em 2020, mas no primeiro, que decorreu no dia 8 de Agosto, “não foi reportada qualquer situação de incumprimento”, segundo Tiago Lopes.

O responsável da ARS admitiu a possibilidade de ocorrerem outros eventos tauromáquicos este ano, mas disse que iria promover uma reunião conjunta com as entidades organizadoras, para que seja feita uma análise do que falhou na organização da tourada de sábado.

“Temos de fazer aqui uma paragem. Temos de analisar, reflectir e discutir e assumir aqui um compromisso em conjunto, porque da forma como está não pode continuar”, salientou.

O Grupo de Forcados Amadores do Ramo Grande “repudiou”, no entanto, a posição do director regional da Saúde, em comunicado, sublinhando que todas as recomendações publicadas na circular informativa “foram integralmente cumpridas”.

“O evento decorreu com a aprovação de todas as autoridades presentes na corrida, onde se incluem os delegados técnicos nomeados pela Direcção Regional da Cultura e a Polícia de Segurança Pública”, reiterou.

Os forcados alegaram ainda que não foram informados da existência de “qualquer irregularidade, nem pelas autoridades presentes no evento, nem pela Autoridade de Saúde Regional”, e que até foram “parabenizados pela boa organização, por todas as entidades presentes, onde se incluem membros do Governo [Regional] e autarcas”.

Entretanto, o Bloco de Esquerda exigiu explicações da ARS, em comunicado de imprensa, questionando Tiago Lopes sobre “a penalização que será aplicada aos promotores do evento”, tendo em conta o “grave incumprimento” das orientações.

“A autorização para realização de eventos e as regras sanitárias para os mesmos não podem ser discricionárias e ao sabor de interesses económicos, eleitorais, outros ou de quem promove o evento. Têm de ser claros, objectivos, aplicados com equidade e, acima de tudo, têm de colocar em primeiro lugar a saúde pública”, avançou o partido.

Em resposta, Tiago Lopes frisou que a Autoridade de Saúde Regional “não autoriza ou deixa de autorizar a realização de eventos”, estando apenas responsável pela emissão de orientações e recomendações para a sua realização.

Quanto à fiscalização destes eventos, disse que “tem de ser da responsabilidade de cada entidade organizadora, de cada proprietário de estabelecimentos, o cumprimento das orientações e recomendações que são emanadas”.

“Não temos capacidade, nem nós, nem qualquer outra região do país ou do mundo, para fiscalizar tudo o que é estabelecimento, tudo o que é espectáculo e evento. É impossível”, sublinhou.