Um poema premonitório do 24 de Agosto de 1820
O Porto burguês era a cidade que tinha mais condições para desencadear a revolução liberal, como o jovem Almeida Garrett parece ter previsto em verso com um ano de antecedência. Segundo texto de uma série que o PÚBLICO dedica este mês aos 200 anos da Revolução Liberal.
No dia 15 de Junho de 1819, um jovem estudante de Leis, que pouco antes começara a usar os apelidos Almeida Garrett, escreveu no Porto, sua cidade natal, um poema que resumia com veemência quase pitoresca a indignação e o rancor que a presença e o ascendente dos militares ingleses vinham alimentando na sociedade portuguesa. “Opressora da Lusa liberdade/Esta canalha d’Al-b-on soberbo/ aqui fixou seu trono./ De botelhas coroado, e d’olhos, boca,/ Das orelhas, nariz e doutras partes/ Esguichando cerveja, numa glória/ De espesso nevoeiro,/ Pousou seu génio bruto em nossos muros;/ Co nacional God-damn, e o frasco a pino,/ Nos bebe o vinho, nos esbulha as bolsas”.
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No dia 15 de Junho de 1819, um jovem estudante de Leis, que pouco antes começara a usar os apelidos Almeida Garrett, escreveu no Porto, sua cidade natal, um poema que resumia com veemência quase pitoresca a indignação e o rancor que a presença e o ascendente dos militares ingleses vinham alimentando na sociedade portuguesa. “Opressora da Lusa liberdade/Esta canalha d’Al-b-on soberbo/ aqui fixou seu trono./ De botelhas coroado, e d’olhos, boca,/ Das orelhas, nariz e doutras partes/ Esguichando cerveja, numa glória/ De espesso nevoeiro,/ Pousou seu génio bruto em nossos muros;/ Co nacional God-damn, e o frasco a pino,/ Nos bebe o vinho, nos esbulha as bolsas”.