O Cavern Club, rampa de lançamento dos Beatles, corre o risco de fechar
Sala de música ao vivo onde os Fab Four deram quase 300 concertos no início da sua carreira estará a perder mais de 33 mil euros por semana e já teve de despedir cerca de 20 trabalhadores na primeira quinzena de Agosto. Subsistência está dependente de apoios municipais.
John Lennon, Paul McCartney e George Harrison (na altura com Pete Best na bateria em vez de Ringo Starr) pisaram aquele pequeno palco pela primeira vez em 1961. Talvez não imaginassem que dali viriam mais 291 concertos em dois curtos anos. O histórico Cavern Club, que abriu as portas na cidade de Liverpool em 1957, já não ouve o som de um amplificador há mais de cinco meses. Com perdas no valor de “pouco mais de 33 mil euros semanais” desde a pandemia, a direcção da sala de concertos, citada pela BBC, sublinha que, neste momento, o Cavern luta pela “sobrevivência”.
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John Lennon, Paul McCartney e George Harrison (na altura com Pete Best na bateria em vez de Ringo Starr) pisaram aquele pequeno palco pela primeira vez em 1961. Talvez não imaginassem que dali viriam mais 291 concertos em dois curtos anos. O histórico Cavern Club, que abriu as portas na cidade de Liverpool em 1957, já não ouve o som de um amplificador há mais de cinco meses. Com perdas no valor de “pouco mais de 33 mil euros semanais” desde a pandemia, a direcção da sala de concertos, citada pela BBC, sublinha que, neste momento, o Cavern luta pela “sobrevivência”.
“Há sete meses, era impensável um cenário em que o Cavern não tivesse sucesso”, conta Bill Heckle, um dos responsáveis por aquele espaço de música ao vivo que costumava receber cerca de 800 mil visitantes por ano. O director tentou remar contra a maré, mas não foi capaz de evitar, há alguns dias, uma primeira onda de despedimentos. Primeira porque tudo indica que não será a última: cerca de 20 trabalhadores rescindiram os seus contratos na primeira quinzena de Agosto e há uma forte possibilidade de outros tantos conhecerem o mesmo futuro nas próximas semanas.
Heckle assinala que, há uns anos, os responsáveis pelo Cavern decidiram começar a “guardar o máximo possível de dinheiro no banco” para se protegerem da eventualidade de um “dia de chuva”. Não sabiam, no entanto, que afinal esse dia de chuva ia ser uma “tempestade”. A pandemia cortou as pernas à poupança de pouco mais de 1,5 milhões de euros – o membro da direcção sugere que “metade” dessa quantia terá já sido gasta em dívidas agravadas pela inactividade – e, segundo a BBC, o espaço estará agora pendente dos resultados da candidatura ao Fundo de Recuperação Cultural, criado pelo Governo britânico para proteger entidades prejudicadas pelo novo coronavírus.
Este mês, a casa reabrirá para transmitir apresentações à distância de bandas a partir de diferentes pontos do globo. “Nós sabemos que não vamos ganhar dinheiro”, frisa Heckle, para quem o Cavern precisa de “lembrar as pessoas de que ainda aqui está”. “Tem tudo a ver com sobrevivência”, reforça.
O Cavern Club foi inaugurado em Janeiro de 1957 e começou por operar principalmente como um clube de jazz. Ao longo dos anos, o espaço de Liverpool acolheu nomes como os Rolling Stones, Stevie Wonder ou David Bowie, mas será sempre aos Fab Four que a sua história regressará. Foi no Cavern que Brian Epstein, um dos muitos “quintos Beatles”, os apanhou ao vivo pela primeira vez, oferecendo-se de imediato para gerir a carreira da banda.
Citado pela BBC, o mayor de Liverpool, Joe Anderson, diz que a perspectiva de se perder “uma jóia nacional como o Cavern” constitui “um cenário horrível”. O autarca do Partido Trabalhista salienta que “a Câmara Municipal de Liverpool está a fazer tudo o que está ao seu alcance para ajudar as salas culturais da cidade”, observando igualmente, ainda assim, que “a pressão financeira” a que a autarquia está sujeita limita a sua capacidade de apoio nesta fase.