Isabel dos Santos ataca Rui Pinto no Twitter: “É um mero curioso que vive de fofoca”

Empresária coloca em causa a informação que o hacker recolheu no âmbito dos Luanda Leaks.

Foto
Isabel dos Santos Reuters/TOBY MELVILLE

A empresária Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos e a mulher mais rica do continente africano, colocou em causa o pirata informático Rui Pinto no Twitter. Respondendo a uma publicação, Isabel dos Santos disse que Rui Pinto é “um mero curioso que vive de fofoca”, questionando os 715 mil ficheiros que sustentaram a investigação dos Luanda Leaks.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A empresária Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos e a mulher mais rica do continente africano, colocou em causa o pirata informático Rui Pinto no Twitter. Respondendo a uma publicação, Isabel dos Santos disse que Rui Pinto é “um mero curioso que vive de fofoca”, questionando os 715 mil ficheiros que sustentaram a investigação dos Luanda Leaks.

A resposta da empresária foi motivada por um tweet no qual, citando dois textos, Rui Pinto questiona a identidade dos verdadeiros proprietários da herdade da Torre Bela, no Ribatejo, que terá sido adquirida pelo ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos. Além desta herdade, uma das maiores propriedades muradas da Europa, o hacker deixa ainda no ar a dúvida quanto a uma dezena de outras propriedades “na zona do Oeste”.

Este domingo, Isabel dos Santos foi à publicação feita por Rui Pinto — que voltou a estar activo no Twitter após a sua libertação —, deixando um comentário como resposta às acusações do denunciante.

“Engraçado Rui Pinto estar a fazer estas perguntas. Pensei que fosse um hacker com 715 mil documentos. Pelos vistos é um mero curioso que vive de fofoca. E é verdade que lhe vão pagar salário como funcionário público e dar casa?”

Isabel dos Santos fez referência a uma informação que, apesar de ter circulado pela imprensa, foi desmentida pela Polícia Judiciária. Esta força policial negou que Rui Pinto tivesse sido “contratado” para ajudar nas investigações, garantindo que todas as despesas associadas ao alojamento e protecção do hacker seriam financiadas pelo programa de protecção de testemunhas.

O comentário da empresária não teve réplica do hacker, mas foi alvo de críticas por parte dos seguidores da página de Rui Pinto. O denunciante recolheu 715 mil ficheiros que serviram como base a uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação, baptizada de Luanda Leaks, que expuseram alegados esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido que lhes terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano através de paraísos fiscais.

A par de várias figuras da elite angolana, Isabel dos Santos está, há mais de oito anos, a ser investigada pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal por suspeita de branqueamento de capitais. Em Junho, o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) realizou buscas ao universo empresarial de Isabel dos Santos, no âmbito de uma investigação desencadeada pelos Luanda Leaks.

Rui Pinto está acusado de 90 crimes e aguarda em liberdade pelo início do julgamento, marcado para o dia 4 de Setembro. Esteve mais de um ano em prisão preventiva, mas um acordo de colaboração com as autoridades portuguesas permitiu que o hacker passasse, numa primeira fase, para prisão domiciliária e, agora, para a liberdade. Rui Pinto é protegido pela polícia 24 horas por dia e desencriptou toda a informação recolhida antes da sua detenção na Hungria, em Janeiro de 2019.