Moçambique recebe cimeira da SADC com Cabo Delgado em cima da mesa
Governo de Filipe Nyusi é o anfitrião da 40ª cimeira dos chefes de Estado e de Governo da organização da África Austral de que vai assumir a presidência e se realiza de forma virtual por causa da covid-19.
Se não estivéssemos no meio de uma pandemia, esta segunda-feira os chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) reunir-se-iam em Maputo para discutir a situação na sub-região e entregar a presidência rotativa da organização a Moçambique durante um ano. Mas estes tempos de covid-19 obrigaram a 40ª cimeira magna da SADC a realizar-se de forma virtual. Logísticas à parte, a grande expectativa é que possa sair desta cimeira a decisão quanto à ajuda militar a Moçambique na luta contra a insurreição jihadista em Cabo Delgado.
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Se não estivéssemos no meio de uma pandemia, esta segunda-feira os chefes de Estado e de Governo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) reunir-se-iam em Maputo para discutir a situação na sub-região e entregar a presidência rotativa da organização a Moçambique durante um ano. Mas estes tempos de covid-19 obrigaram a 40ª cimeira magna da SADC a realizar-se de forma virtual. Logísticas à parte, a grande expectativa é que possa sair desta cimeira a decisão quanto à ajuda militar a Moçambique na luta contra a insurreição jihadista em Cabo Delgado.
Este domingo, o Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD) resumia o assunto numa questão importante: “Como é que Moçambique irá capitalizar a sua presidência da SADC para mobilizar o apoio dos países membros na luta contra a violência armada em Cabo Delgado?”
Numa altura em que países como Estados Unidos e França insistem numa internacionalização do conflito no Norte de Moçambique, quer pelo lado da ligação do Daesh aos insurgentes, quer pelo lado do aumento do tráfico de droga, o Governo de Filipe Nyusi afirmava na semana passada que a única ajuda internacional que tinha pedido até agora era à Tanzânia para que vigiasse melhor as suas fronteiras.
“O Estado moçambicano ainda continua forte para combater o terrorismo em Moçambique. Neste momento, o apoio que solicitamos é a vigilância nas fronteiras para não deixar entrar bandidos no nosso território”, adiantou o ministro da Defesa moçambicano, Jaime Neto, na quinta-feira.
O mesmo governante que admitiu que as Forças de Defesa e Segurança continuam sem conseguir recuperar o controlo de Mocímboa da Praia, a vila costeira de Cabo Delgado onde aconteceu o primeiro ataque em 2017 e que voltou a cair nas mãos dos insurgentes na semana passada. As chefias militares classificam a situação como “tensa”, disse o ministro.
No entanto, o Presidente Filipe Nyusi já mais de uma vez se referiu a um pedido de apoio à organização regional para combater o terrorismo no Norte do país. O tema já foi discutido entre os Estados-membros e a África do Sul tem até uma unidade em manobras a pensar nessa possibilidade.
Segundo jornal sul-africano Mail & Guardian, houve avanços na discussão do assunto em reuniões de comissões da SADC realizadas no final de Junho, com alguns países a assumir o compromisso de participar no esforço militar, mas a estratégia ainda estaria por definir, bem como seriam suportados os custos da operação.
“A segurança sempre esteve na agenda da SADC, pois o desenvolvimento só será possível com paz e estabilidade. Atacar Moçambique significa atacar a região. Por isso, alguns países defendem que a região deve fazer todo o esforço para defender a estabilidade e a paz”, disse o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Pedro Comissário, citado pelo boletim do CDD.