Amizade: o mais puro néctar da nossa vida

Um amigo é uma dádiva. E se todos os amigos são especiais, a verdade é que há uns mais especiais que outros. Esse pequeno núcleo de eleição é a nossa âncora e prende-nos ao lado bom da vida.

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Nascemos da nossa mãe. Logo ao primeiro sopro, dela recebemos o amor infinito que se agarra a nós e nos agarra à vida. Abrimos a pestana, soltamos a guelra e anunciamos a chegada com imoderação. Colamos no peito que há-de ser também nosso nos primeiros anos da infância. A seguir, conhecemos o pai e grudamos no seu cativante sorriso de ainda incrédula plenitude. E depois crescemos.

A verdade faz-nos mais fortes

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Nascemos da nossa mãe. Logo ao primeiro sopro, dela recebemos o amor infinito que se agarra a nós e nos agarra à vida. Abrimos a pestana, soltamos a guelra e anunciamos a chegada com imoderação. Colamos no peito que há-de ser também nosso nos primeiros anos da infância. A seguir, conhecemos o pai e grudamos no seu cativante sorriso de ainda incrédula plenitude. E depois crescemos.

Crescemos em família, ora mais curta, nas rotinas diárias, ora mais alargada, nos momentos especiais. Criamos laços com pessoas que nos querem bem, mesmo que algumas vivam longe de nós e das nossas pequenas brincadeiras. Com os irmãos, se por felicidade os tivermos, aprendemos a brincar, a guerrear, a amuar e a partilhar. Os avós são especiais e, com sorte, brincam connosco com uma dedicação e uma cumplicidade só ao alcance da sua imensa sabedoria. Noutros casos, no seu intrigante e ocasional alheamento, escondem o peso dos anos, do desânimo ou da inadaptação. Uns mais que outros, lá conquistam o seu lugar no nosso imenso, mas imberbe, coração. Somos exigentes e na nossa passarela de afectos ainda desfilam o tio e a tia, logo seguidos do primo e da prima. E há sempre mais alguém que conhecemos mal, mas que nos sorri como se fossemos íntimos.

Confiamos ou desconfiamos consoante o humor de cada dia e a verdade que intuímos na luz de cada sorriso. Somos práticos, gostamos ou não gostamos, sem condescendência nem meios-termos. Mais tarde, já aprendizes de gente crescida, lá acabaremos por ganhar o refinamento da pequena hipocrisia. Mas, se crescemos com o dom da virtude, nunca daquela faremos uso perante os verdadeiros amigos. A estes, que vamos conquistando ao longo da vida e preservamos como relíquias especiais, destinamos o melhor de nós, porque deles esperamos receber o mais puro néctar dos sentimentos humanos: a amizade... a verdadeira, porque não existe outra. Mesmo sabendo que nem sempre se comportam de acordo com as nossas expectativas, preferimos acreditar que o fazem por incapacidade e nunca por desconsideração.

Um amigo é uma dádiva. E se todos os amigos são especiais, a verdade é que há uns mais especiais que outros. Esse pequeno núcleo de eleição é a nossa âncora e prende-nos ao lado bom da vida, repleto de olhares que nos ajudam a ver para além da noite, risos que nos guiam pelos desfiladeiros da letargia, carinhos que nos trazem a bonança e palavras que encaixam no puzzle de cada instante. Sem a verdade que brota de cada amigo, a vida é uma mentira.