Nos Olivais, a primeira ciclovia instantânea de Lisboa passa a definitiva

Plano de criação das novas ciclovias está atrasado, mas já há infra-estrutura na Av. 24 de Julho e em Algés. Mudanças na ciclovia da Rua Cidade de Bissau motivam críticas dos utilizadores de bicicleta.

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a Câmara de Lisboa continua com o plano de construir 16 novas ciclovias na cidade

Três meses depois de ter surgido, a primeira ciclovia instantânea de Lisboa está a tornar-se definitiva. Criada em Maio com recurso a pilaretes de plástico e linhas brancas no chão, a via para bicicletas da Rua Cidade de Bissau, nos Olivais, está em obras há duas semanas e a intenção da câmara é que seja uma ciclovia permanente até ao fim deste mês.

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Três meses depois de ter surgido, a primeira ciclovia instantânea de Lisboa está a tornar-se definitiva. Criada em Maio com recurso a pilaretes de plástico e linhas brancas no chão, a via para bicicletas da Rua Cidade de Bissau, nos Olivais, está em obras há duas semanas e a intenção da câmara é que seja uma ciclovia permanente até ao fim deste mês.

Inicialmente composta por duas vias unidireccionais, junto a ambos os passeios da rua, a ciclovia passou recentemente a ser bidireccional, encostada a apenas um dos lados, para facilitar a circulação automóvel, que tinha perdido espaço na anterior solução. A opção desagrada à Mubi – Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta, que pede à câmara e à junta que revertam a decisão.

Rute Lima, presidente da Junta dos Olivais, faz um balanço positivo das ciclovias instantâneas criadas na freguesia – na Rua Cidade de Bissau, na Av. Cidade de Luanda e na Av. de Pádua. “Não há uma utilização exponencial, mas cada vez são mais utilizadas”, afirma ao PÚBLICO a autarca socialista, admitindo que a princípio houve “alguma contestação” a estas estruturas por parte dos automobilistas. Ela própria uma assídua utilizadora do automóvel – “não consigo fazer nada sem o carro”, ri-se –, Rute Lima diz que as críticas iniciais esmoreceram quando se viu que “não estava comprometida a circulação viária”.

Andava, porém, com uma preocupação em mente. “A pressão automóvel normal não é a que estamos a assistir agora e a Rua Cidade de Bissau é um nó importante de escoamento de trânsito, uma via por onde se sai para apanhar a Segunda Circular”, diz a presidente da junta.

Em meados de Julho, Fernando Medina e alguns técnicos da Mobilidade estiveram nos Olivais e, sensíveis ao argumento de que o volume de tráfego vai aumentar, concordaram que a ciclovia daquela rua passasse a bidireccional, ocupando uma via e deixando as outras três para os automóveis. Houve ainda, segundo uma fonte autárquica, a preocupação de facilitar a vida aos autocarros da Carris, que para fazer a curva entre a Cidade de Luanda e a Cidade de Bissau precisam de ocupar toda a faixa de rodagem, bem como a necessidade de coadunar a ciclovia à que em breve vai surgir na Av. Marechal Gomes da Costa.

A Mubi, no entanto, preferia que se tivessem mantido os tramos unidireccionais, alertando que as “ciclovias bidireccionais são especialmente perigosas nas intersecções” e que “existe numerosa literatura publicada sobre este assunto”. Numa carta subscrita por um conjunto de moradores da freguesia, a associação diz que, por não ter ligações às artérias principais mais próximas (Marechal Gomes da Costa e Av. Cidade de Lourenço Marques), a ciclovia da Cidade de Bissau “é um pequeno troço no meio de ‘auto-estradas’ em que se praticam velocidades excessivas” e que ainda “não houve tempo de experimentação da infra-estrutura por parte de utilizadores de bicicleta, uma vez que esta ciclovia aparece desestruturada, nem houve tempo de avaliação por parte nem da Junta de Freguesia de Olivais, nem da Câmara Municipal de Lisboa.”

Lamentando, como noutras ocasiões, não ter sido chamada a pronunciar-se sobre o desenho das novas vias cicláveis, a Mubi pede “medidas físicas de acalmia de tráfego”, sobretudo nas intersecções, onde “a maior parte das colisões acontece”. E termina a carta com um apelo: “Este é o momento no qual urge uma transformação de freguesias e municípios que garantam o aumento do espaço pedonal e da rede ciclável de forma a aumentar a segurança dos utilizadores vulneráveis e assegurar uma distribuição mais equilibrada do espaço público.”

A presidente da junta, que ao PÚBLICO garantiu não ter conhecimento da carta da Mubi, diz que “tem de haver um equilíbrio” no uso do espaço público e que “as pessoas que usam o automóvel e os transportes públicos rodoviários não podem ficar prejudicadas no seu dia-a-dia”. De acordo com um gráfico elaborado e divulgado pela câmara, a ciclovia ocupará três metros da rua (16%), os passeios seis metros (32%) e as vias automóveis terão 10 metros de largura (52%).

“Olivais é uma freguesia cujas características urbanísticas permitem criar ciclovias sem prejudicar o trânsito automóvel”, diz Rute Lima. “Estamos aqui para defender os interesses de todas as tendências.”

Plano atrasado

Nascida a meio de Maio, a ciclovia da Rua Cidade de Bissau foi uma das três (Rua Castilho e Rua Marquês de Fronteira as outras) que surgiram na cidade antes mesmo de Fernando Medina anunciar o seu plano para criar 16 novas ciclovias, incluindo em algumas das principais avenidas. A mais mediática, pela polémica que tem causado, é a da Almirante Reis. Da direita à esquerda, a oposição tem insistido na necessidade de ver estudos de tráfego e de se fazer um debate alargado sobre as opções técnicas ali seguidas.

Nas últimas semanas foi feita uma ciclovia na Av. 24 de Julho, entre Santos e Alcântara-Mar, e esta semana começou a pintura da via na Rua Fernão Mendes Pinto, em Algés, que continuará pela Av. da Índia e ligará toda a marginal. O plano está com algum atraso porque todas estas, assim como a da Av. da Liberdade, deviam ter ficado prontas até ao fim de Julho. Até Setembro prevêem-se intervenções na Baixa, na Av. de Roma, na Av. de Berna, na Av. de Ceuta e na Av. Lusíada, entre outras.