Contabilistas denunciam pressões da banca para prestarem falsas declarações

Bastonária da Ordem dos Contabilistas diz ter provas que enviará ao Ministério Público. Objectivo é alterar quebra da facturação para que empresas clientes dos contabilistas sejam elegíveis para linha de crédito de 1000 milhões de euros.

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Andreia Patriarca

A Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC) recebeu mais de 90 queixas por parte de contabilistas que dizem ser pressionados pela banca a prestar falsas declarações sobre uma quebra de facturação maior do que a realmente sofrida, avança o Jornal de Negócios esta sexta-feira.

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A Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC) recebeu mais de 90 queixas por parte de contabilistas que dizem ser pressionados pela banca a prestar falsas declarações sobre uma quebra de facturação maior do que a realmente sofrida, avança o Jornal de Negócios esta sexta-feira.

Paula Franco, bastonária da OCC, explica que o objectivo é que as empresas sejam elegíveis para a linha de crédito de 1000 milhões de euros para micro e pequenas empresas, algo que só acontece se forem registadas perdas de 40% ou mais entre Março e Maio.

Durante uma conferência da OCC, disponível no YouTube, a bastonária referiu que há contabilistas que estão dispostos a prestar falsas declarações de forma a conquistar clientes “isto é, roubar clientes a outros colegas”. Adicionalmente, chamou à atenção dos contabilistas indicando que os casos poderão ser levados a Conselho Disciplinar.

Questionada pelo Jornal de Negócios, Paula Franco afirma ter provas por escrito que seguirão para o Ministério Público. Quanto aos bancos envolvidos, a bastonária não identificou nenhum, mas disse ser um caso “generalizado” em que “chegam queixas de mais do que de um [banco]”.

Em resposta ao Jornal de Negócios a Associação Portuguesa de Bancos (APB) disse que “não faz comentários porque não tem conhecimento destas situações”.

A nova linha de crédito para apoio a micro e pequenas empresas, com uma dotação de 1000 milhões de euros, entrou em vigor a 5 de Agosto. São 700 milhões para microempresas e 300 milhões para pequenas empresas.

São elegíveis as empresas que registem uma quebra abrupta e acentuada de pelo menos 40% da sua facturação e que não tenham sido consideradas empresas em dificuldades a 31 de Dezembro de 2019. Não podem também ter sede fiscal em offshores (países com regimes fiscais mais atractivos).