Miguel Gomes recebe prémio de apoio à produção em Locarno

Selvajaria é um dos quatro grandes premiados das bolsas de apoio atribuídas pelo festival, com 50 mil francos suíços (46.500 euros).

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Rui Gaudêncio

Selvajaria, a adaptação de Os Sertões de Euclides da Cunha por Miguel Gomes, foi um dos títulos premiados em Locarno com uma bolsa de apoio à produção, a par do novo filme da argentina Lucrecia Martel, o documentário híbrido Chocobar.

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Selvajaria, a adaptação de Os Sertões de Euclides da Cunha por Miguel Gomes, foi um dos títulos premiados em Locarno com uma bolsa de apoio à produção, a par do novo filme da argentina Lucrecia Martel, o documentário híbrido Chocobar.

Anunciados esta sexta-feira naquela vila suíça, os prémios da secção The Films After Tomorrow – “os filmes de depois de amanhã” – destinam-se a apoiar projectos cuja produção foi interrompida pela pandemia de covid-19. Ao todo, candidataram-se 20 filmes, divididos entre “internacionais” e “suíços” (produções de investimento maioritariamente suíço), escolhidos por dois júris compostos inteiramente por cineastas.

Na categoria internacional, cujo júri foi composto pela americana Kelly Reichardt, por Lemohang Jeremiah Mosese, natural do Lesotho, e pelo israelita Nadav Lapid, o vencedor foi o projecto de Lucrecia Martel Chocobar, definido como um “documentário político” construído a partir do assassinato de um activista dos direitos indígenas. Na categoria suíça, escolhida pela italiana Alina Marazzi, pelo argentino Matías Piñeiro e pelo iraniano Mohsen Makhmalbaf, o prémio coube à ficção Zaharí da suíça Marí Alessandrini, rodada na Argentina. Ambos os filmes receberão apoio à produção no valor de 70 mil francos suíços (cerca de 60 mil euros).

O júri internacional atribuiu igualmente um Prémio Especial do Júri, no valor de 50 mil francos suíços (cerca de 46.500 euros). Foi esta bolsa de apoio que coube a Miguel Gomes para assegurar a produção de Selvajaria, projecto muito aguardado no qual o autor de Tabu As Mil e Uma Noites trabalha já há vários anos, a ser rodado no Brasil e adaptado do clássico da literatura brasileira Os Sertões. Um terceiro galardão, para o projecto mais inovador (30 mil francos suíços), foi para De Humani Corporis Fabrica, o novo filme da dupla de investigadores do Sensory Ethnography Lab, Véréna Paravel e Lucien Castaing-Taylor.

O Festival de Locarno, que teria este ano a sua 72.ª edição, não se realizou em 2020 nos moldes habituais devido à pandemia de covid-19. Substituindo a sua programação habitual, o festival realizou apenas a competição de curtas-metragens Pardi di Domani, vencida pelo americano I Ran From It and Was Still on It de Darol Olá Kae (concurso internacional) e Menschen am Samstag de Jonas Ulrich (concurso suíço); e apresentou nas salas de Locarno uma programação especial de filmes exibidos ao longo da existência do festival, numa escolha dos 20 cineastas candidatos às bolsas de produção. Os 20 filmes escolhidos estarão igualmente disponíveis até ao final do mês de Agosto na plataforma digital por subscrição MUBI.