O padre-arqueólogo-historiador que legou um museu a Bragança

O Abade de Baçal é a figura-emblema deste museu centenário, que, além do previsível acervo de arqueologia e arte sacra, reserva ao visitante inesperadas pérolas de artes plásticas, de José Malhoa a Almada Negreiros. Além, claro, de contar a história da capital transmontana dos últimos séculos.

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Ainda que a entrada esteja dependente da boa-vontade dos actuais proprietários, o casal Leonor e Luís Doutel — a primeira, sobrinha-neta do padre Francisco Manuel Alves (1865-1947) —, há ganhos em iniciar a visita ao Museu do Abade de Baçal (MAB) pela casa que o seu mentor habitou, praticamente durante toda a sua vida, nesta pequena aldeia dez quilómetros a nordeste de Bragança. Aí se entenderá melhor como o abade Francisco — “uma figura muitíssimo improvável, com um pensamento muito progressista dentro de uma estrutura, a Igreja, muito conservadora”, como se lhe refere o director do museu, Amândio Felício — apostou em viver nesse lugar quase fora do mundo, e daí fazer as suas viagens, tanto à capital do distrito transmontano como aos sítios onde recolhia as memórias arqueológicas da região.