Em liberdade, Rui Pinto pede uma mudança para Portugal. “A luta continua”
Denunciante e fundador do Football Leaks tornou-se um homem livre este domingo e classificou Portugal como “um paraíso para a grande corrupção”.
O pirata informático Rui Pinto está em liberdade desde domingo e esta terça-feira criticou Portugal por continuar a ser “um paraíso para a grande corrupção e para o branqueamento de capitais”. O hacker e fundador do Football Leaks usou o Twitter para pedir uma mudança para Portugal e vincou que é necessária “união e resiliência” para combater a corrupção.
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O pirata informático Rui Pinto está em liberdade desde domingo e esta terça-feira criticou Portugal por continuar a ser “um paraíso para a grande corrupção e para o branqueamento de capitais”. O hacker e fundador do Football Leaks usou o Twitter para pedir uma mudança para Portugal e vincou que é necessária “união e resiliência” para combater a corrupção.
Em duas publicações, o denunciante envolvido nos casos Football Leaks e Luanda Leaks salientou que “a luta continua” e agradeceu a todos os que “desde a primeira hora demonstraram o seu apoio e solidariedade”.
“Finalmente esta árdua e longa ‘travessia do deserto’ chegou ao fim”, disse Rui Pinto, que não ficou impedido de utilizar a Internet e as redes sociais pelas autoridades.
Rui Pinto está em liberdade desde domingo, depois de ter estado detido desde Janeiro de 2019. O hacker esteve também mais de um ano em prisão domiciliária e foi libertado graças à sua colaboração com as autoridades, segundo apontou a juíza Margarida Alves, que irá julgar Rui Pinto, a partir de 4 de Setembro.
O denunciante foi colocado numa casa-abrigo onde ficará no âmbito do programa de protecção de testemunhas, protegido por elementos do Corpo de Segurança Pessoal da Unidade Especial de Polícia da PSP (o mesmo corpo que faz a segurança do Presidente da República, de governantes, magistrados e testemunhas em situações de risco).
O Ministério Público (MP) opôs-se à libertação, que foi justificada pela juíza Margarida Alves com a “contínua e consistente colaboração” com a Polícia Judiciária e o “sentido crítico” do criador da plataforma Football Leaks.
A 4 de Setembro, Rui Pinto começa a ser julgado por 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por tentativa de extorsão ao fundo de investimento Doyen.
Estão agendadas, em média, três sessões por semana.
Aníbal Pinto, advogado de Rui Pinto à data dos factos e que será julgado pela tentativa de extorsão [em Outubro de 2015] de entre 500 mil euros a um milhão de euros ao fundo de investimento Doyen, é o segundo arguido no processo. O julgamento terá apenas seis lugares disponíveis para o público, seis dos quais destinados a jornalistas e quatro para familiares dos arguidos.
No início de Junho, o Tribunal da Relação de Lisboa negou provimento ao recurso do MP e manteve a decisão instrutória, proferida em 17 de Janeiro, que pronunciou (levou a julgamento) Rui Pinto por 90 crimes e não pelos 147 que constavam da acusação do MP.
Em Setembro de 2019, o MP acusou Rui Pinto de 147 crimes, 75 dos quais de acesso ilegítimo, 70 de violação de correspondência, um de sabotagem informática e um de tentativa de extorsão, por aceder aos sistemas informáticos do Sporting, da Doyen, da sociedade de advogados PLMJ, da Federação Portuguesa de Futebol e da Procuradoria-Geral da República (PGR).