Covid-19: Lar de Reguengos de Monsaraz diz ter feito “tudo” para “salvar vidas”

A instituição responsável pelo lar diz que seguir todas as instruções das autoridades de Saúde e da tutela desde 18 de Junho.

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Um técnico na janela do lar de Reguengos de Monsaraz a 3 de Julho LUSA/NUNO VEIGA

A direcção do lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS), em Reguengos de Monsaraz, Évora, garante ter feito “tudo” ao seu “alcance” para “salvar vidas” depois de um surto de covid-19 ser detectado na instituição. 

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A direcção do lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS), em Reguengos de Monsaraz, Évora, garante ter feito “tudo” ao seu “alcance” para “salvar vidas” depois de um surto de covid-19 ser detectado na instituição. 

O surto no lar, detectado a 18 de Junho, provocou um total de 162 casos de infecção, incluindo 18 mortos: 16 utentes, uma funcionária do lar e um homem da comunidade. Num comunicado, publicado esta terça-feira, a instituição escreve que fez “tudo o que estava ao seu alcance e dentro das suas competências, com a ajuda de várias dezenas de instituições e pessoas” para “salvar vidas humanas, numa crise de saúde pública que assumiu contornos absolutamente dramáticos.”

Segundo o comunicado da fundação que detém a Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI), a instituição seguiu as instruções das autoridades de Saúde e da tutela. A partir da eclosão do surto, todas as decisões que envolveram os utentes desta resposta social respeitaram integralmente as instruções técnicas da Autoridade de Saúde Pública (ASP) e restantes autoridades de saúde e Segurança Social, neste último caso enquanto entidade tutelar”, lê-se no comunicado.

A Lusa solicitou informações ao Instituto da Segurança Social (ISS) sobre o surto no lar de Reguengos de Monsaraz há mais de um mês, mas não obteve qualquer resposta.

O comunicado emitido pelo conselho de administração da FMIVPS, órgão presidido por José Calixto, igualmente presidente da Câmara de Reguengos de Monsaraz e Autoridade Municipal de Protecção Civil, é a primeira informação pública que a instituição presta desde que foram divulgadas, na quinta-feira passada, conclusões de uma auditoria ao lar feita pela Ordem dos Médicos (OM).

Nesse relatório, ao qual a agência Lusa teve acesso, a comissão da OM que realizou a auditoria disse que o lar da FMIVPS não cumpria as orientações da Direcção-Geral da Saúde (DGS) e apontou responsabilidades à administração, à Autoridade de Saúde Pública e à Administração Regional de Saúde (ARS).

O conselho de administração da FMIVPS afiançou hoje ter demonstrado, “desde o momento inicial” do surto da doença provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2 no lar, “uma total disponibilidade para colaborar com todas as entidades” e para “prestar toda a informação relevante sobre este processo”.

“Isso mesmo aconteceu com o inquérito” da OM, mas, apesar de os membros do conselho de administração se terem deslocado ao local onde a comissão “esteve durante algumas horas”, o órgão “não foi ouvido”, nem se pôde “pronunciar por escrito”.

A instituição diz, por isso, que “não conhece qualquer documento resultante dessas averiguações ou auditoria”, excepto o que foi veiculado na comunicação social.

Ainda assim, a FMIVPS esclarece que dispõe, “desde Março passado”, de “um Plano de Contingência Covid-19”, que é “do pleno conhecimento” da OM e foi “classificado em sede de reuniões da Comissão Distrital de Protecção Civil como um dos mais completos do Alentejo Central”.

O lar “cumpre nos termos da lei todos os requisitos de prestação de cuidados de saúde ao nível de cuidados clínicos (através dos respectivos médicos de família), cuidados de enfermagem” e outros, além de possuir “um quadro de pessoal composto por mais de 50 trabalhadores, respeitando integralmente os indicadores definidos pelo artigo 12.º da Portaria nº67/2012, conforme evidências oficiais em nosso poder”, lê-se no comunicado.

No total, este surto, que já foi considerado como resolvido pela Autoridade de Saúde, provocou 162 casos de infecção, a maior parte no lar (80 utentes e 26 profissionais), mas também 56 pessoas da comunidade, tendo morrido 18 doentes (16 utentes e uma funcionária do lar e um homem da comunidade).

A Procuradoria-Geral da República adiantou à Lusa, na sexta-feira, que foi instaurado um inquérito sobre o surto de covid-19 neste lar e que está a analisar o relatório da OM.

A Ordem dos Advogados (OA) revelou igualmente à Lusa que vai fazer “o enquadramento jurídico” das conclusões do inquérito dos médicos para determinar consequências.