Moratórias de crédito superam os 500 mil empréstimos
Incluindo os créditos de empresas, a medida que permite suspender o pagamento de capital e juros, ou apenas de capital, foi aplicada em 741.623 empréstimos até final de Junho.
O número de particulares e de empresas que pediu adesão ao mecanismo que permite suspender temporariamente o pagamento de juros ou de capital nos empréstimos contratados subiu em Junho, mas a grande avalanche verificou-se em Maio. Desde finais de Março e até 30 de Junho, as moratórias (pública e privadas) foram aplicadas em 741.623 empréstimos, mais cerca de 53 mil do que os dados de Maio.
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O número de particulares e de empresas que pediu adesão ao mecanismo que permite suspender temporariamente o pagamento de juros ou de capital nos empréstimos contratados subiu em Junho, mas a grande avalanche verificou-se em Maio. Desde finais de Março e até 30 de Junho, as moratórias (pública e privadas) foram aplicadas em 741.623 empréstimos, mais cerca de 53 mil do que os dados de Maio.
O total de pedidos apresentados por particulares e empresas com dificuldades em suportar os encargos, na maioria dos casos por quebra de rendimentos na sequência da pandemia de covid-19, foi superior, totalizando 841.856. Os restantes 100.233 estavam, a 30 de Junho ainda em apreciação ou não preencheram as condições de acesso.
Os dados divulgados esta terça-feira pelo Banco de Portugal (BdP), que agregam todas as moratórias, a pública e as privadas (dos bancos e das instituições de crédito especializado), mostram que 70% dos pedidos aprovados são de particulares, num total de 519.173.
Ainda nos particulares, a maioria envolve contratos de crédito à habitação e outros créditos hipotecários (322.709) e em menor número os empréstimos aos consumidores (196.464). As restantes 222.450 moratórias foram aplicadas a créditos celebrados com empresas, empresários em nome individual (ENI) e outros.
O primeiro prazo de adesão à moratória pública expirava a 30 de Junho, mas o Governo acabou por alargá-lo até 30 de Setembro, seguindo a autorização dada pela Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês). Acompanhando a decisão governamental, a adesão às moratórias dos bancos, criadas no âmbito da Associação Portuguesa de Bancos, também foi alargada até 30 de Setembro de 2020.
O BdP não revela o montante de crédito suspenso (capital e juros) no conjunto das moratórias (que incluem uma específica para os consumidores), por instituições de crédito especializado, nem o valor total dos contratos de crédito envolvidos nas moratórias. Mas sabe-se, de acordo com outros dados do BdP, que o valor estimado em capital e juros suspenso pelas moratórias de créditos, até 18 de Junho, ascendia a 3,4 mil milhões de euros nos oito maiores grupos bancários a operar em Portugal.
O Governo estendeu, entretanto, de Setembro deste ano para 31 de Março de 2021 a duração da moratória pública para créditos de empresas e particulares e alargou também as condições em que os clientes podem aceder às moratórias, nomeadamente os emigrantes. O prazo da moratória dos bancos para crédito à habitação também foi estendido para 31 de Março de 2021.