Seca cancela campanha de rega na albufeira do Monte da Rocha, em Ourique
Três mil hectares de solos agrícolas estão a ser afectados por esta situação. Regantes pedem urgência na ligação ao perímetro de Alqueva.
A campanha de rega deste ano a partir da albufeira do Monte da Rocha, no concelho de Ourique (Beja), foi cancelada devido à seca, disse esta segunda-feira o director-adjunto da associação de regantes. “Actualmente, toda a água que existe na albufeira está reservada para abastecimento público. Na nossa zona ficam 3000 hectares por regar e é uma situação que afecta muitas pessoas”, referiu à agência Lusa Ilídio Martins.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A campanha de rega deste ano a partir da albufeira do Monte da Rocha, no concelho de Ourique (Beja), foi cancelada devido à seca, disse esta segunda-feira o director-adjunto da associação de regantes. “Actualmente, toda a água que existe na albufeira está reservada para abastecimento público. Na nossa zona ficam 3000 hectares por regar e é uma situação que afecta muitas pessoas”, referiu à agência Lusa Ilídio Martins.
Segundo o responsável da Associação de Regantes e Beneficiários de Campilhas e Alto Sado (ARBCAS), que gere a albufeira do Monte da Rocha e tem sede em Alvalade-Sado, no concelho de Santiago do Cacém, o volume de armazenamento da barragem estava na passada sexta-feira em 9,4% da sua capacidade total.
“Há um conjunto de agricultores e famílias que tiveram que optar por outras alternativas, de agricultura de sequeiro, que é muito mais pobre, e vão sobrevivendo à espera do próximo ano”, contou Ilídio Martins. Desta forma, acrescentou, nos 3.000 hectares de regadio existentes no perímetro da albufeira do Monte da Rocha “ficaram por fazer culturas de milho, de tomate, algum arroz e pastagens”.
Esta realidade leva o director-adjunto da ARBCAS a defender que a ligação do Alqueva ao Monte da Rocha, através da albufeira do Roxo (Aljustrel), anunciada pelo Governo para 2022, avance “o mais rápido possível” devido à seca que atinge a zona sul do distrito de Beja. “O projecto já devia estar concretizado”, disse Ilídio Martins, acrescentando que, “dada a urgência de necessidade de água no sul do Alentejo”, esta empreitada “devia avançar com mais velocidade”.
A mesma opinião tem o presidente da Associação de Agricultores do Campo Branco, com sede em Castro Verde, para quem a ligação entre as albufeiras do Roxo e do Monte da Rocha “já devia estar a funcionar”. “Em qualquer país da Europa, mesmo pobre, essa situação já estava resolvida. Não sei o que se tem andado a fazer quando há alertas de todos os lados há muitos anos”, criticou José da Luz Pereira, em declarações à Lusa.
Para este responsável, esta obra é indispensável ao futuro da região, “até porque hoje a função do Monte da Rocha não é só servir a agricultura”. A albufeira serve “também para o abastecimento público de uma vasta área do Campo Branco e não só. E o que está lá de água é confrangedor”, disse.
A ligação do Alqueva à albufeira do Monte da Rocha foi anunciada em Fevereiro de 2018, em Beja, pelos então ministros da Agricultura e do Ambiente, Luís Capoulas Santos e João Matos Fernandes, respectivamente. O projecto, previsto para 2022, resulta de uma parceria entre a Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA) e o grupo Águas de Portugal, através da empresa Águas Públicas do Alentejo.