Redução da poluição durante o confinamento terá impacto “pouco significativo” no clima
Após o confinamento, os planos de recuperação económica amigos do ambiente serão cruciais para abrandar o aquecimento do planeta.
Os planos de recuperação económica após o confinamento que tenham medidas amigas do ambiente serão uma ajuda determinante na batalha contra o aquecimento global. Esta é a grande conclusão de um estudo publicado esta semana na revista científica Nature Climate Change. Embora tenha existido uma redução nos gases com efeito de estufa durante o confinamento dos países devido à pandemia de covid-19, essa diminuição teve um impacto “pouco significativo” no abrandamento do aquecimento global.
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Os planos de recuperação económica após o confinamento que tenham medidas amigas do ambiente serão uma ajuda determinante na batalha contra o aquecimento global. Esta é a grande conclusão de um estudo publicado esta semana na revista científica Nature Climate Change. Embora tenha existido uma redução nos gases com efeito de estufa durante o confinamento dos países devido à pandemia de covid-19, essa diminuição teve um impacto “pouco significativo” no abrandamento do aquecimento global.
Para tirar estas conclusões, a equipa liderada por cientistas da Universidade de Leeds (em Inglaterra) analisou os dados de mobilidade global disponibilizados pela Apple e pelo Google. Depois, calcularam de que forma mudaram as emissões de dez diferentes gases com efeito de estufa e poluentes do ar entre Fevereiro e Junho de 2020 em 123 países.
Desta forma, percebeu-se que houve uma redução entre 10% e 30% na emissão dos gases com efeito de estufa, como o dióxido de carbono e o óxido de nitrogénio. Mesmo assim, salientam: “Haverá apenas um pequeno impacto no clima, sobretudo porque a diminuição das emissões devido às medidas do confinamento é temporária.” Os investigadores alertam ainda que, mesmo que as medidas do confinamento ficassem em prática até ao final de 2021, sem mais medidas estruturais as temperaturas globais do planeta seriam apenas 0,01 graus Celsius mais baixas do que é expectável até 2030.
Também se analisaram as opções de recuperação económica após o confinamento. Verificou-se que a situação actual é uma “oportunidade única” para pôr em prática uma mudança estrutural na económica que possa contribuir para um futuro assente na neutralidade carbónica.
A equipa estima que se forem incluídas políticas climáticas nos planos de recuperação das economias com estímulos fortes para o clima poderia evitar-se mais de metade do aquecimento adicional do planeta que é esperado até 2050 com as actuais medidas. Os cientistas consideram ainda que esta poderá ser uma boa oportunidade para o aumento das temperaturas do planeta ficar abaixo dos 1,5 graus Celsius até ao final do século, em relação aos níveis pré-industriais, um limite estabelecido pelo Acordo de Paris de 2015. Este compromisso foi negociado por 195 países com o principal objectivo de conter o aquecimento global do planeta. Com planos de recuperação económica amigos do ambiente, os cientistas estimam que poderia existir uma diminuição de 0,3 graus Celsius até 2050.
“As escolhas feitas agora podem ser uma grande oportunidade de evitar 0,3 graus Celsius adicionais no aquecimento do planeta até 2050, reduzindo para metade o aquecimento esperado com as medidas actuais”, aponta em comunicado Piers Forster, director do Centro Internacional Priestley para o Clima da Universidade de Leeds e primeiro autor do estudo. “O estudo também chama a atenção para a necessidade de se diminuir a poluição do tráfego automóvel, encorajando o uso de veículos de baixas emissões, transportes públicos e ciclovias. A melhor qualidade do ar também irá trazer efeitos imediatos para a saúde.”