Elopements e micro weddings: uma nova forma de celebrar o casamento
A pandemia forçou os casais a adiarem os seus casamentos. Para colmatar o prejuízo, a indústria propõe uma nova forma de celebrar.
Em vez de uma sala cheia de convidados, apenas os noivos marcam presença e celebram o dia mais feliz das suas vidas. É este o conceito de elopement. Já o de micro weddings refere-se a um casamento com poucos convidados. Estas podem ser soluções para os tempos de pandemia. Pelo menos foi assim que pensaram o fotógrafo Nuno Palha, o celebrante João Jonas e o wedding planner Rui Mota Pinto. O projecto Pop Up Weddings já passou as fronteiras nacionais, numa altura em que a indústria da organização de eventos chocou com a barreira da pandemia, do confinamento e do distanciamento social.
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Em vez de uma sala cheia de convidados, apenas os noivos marcam presença e celebram o dia mais feliz das suas vidas. É este o conceito de elopement. Já o de micro weddings refere-se a um casamento com poucos convidados. Estas podem ser soluções para os tempos de pandemia. Pelo menos foi assim que pensaram o fotógrafo Nuno Palha, o celebrante João Jonas e o wedding planner Rui Mota Pinto. O projecto Pop Up Weddings já passou as fronteiras nacionais, numa altura em que a indústria da organização de eventos chocou com a barreira da pandemia, do confinamento e do distanciamento social.
Com a proibição de ajuntamento de pessoas, Rui Mota Pinto viu neste estilo de cerimónias um escape tanto para o seu negócio como para os seus clientes. Com estas soluções, gerou-se “a tempestade perfeita” – não só ganhou tempo para redefinir o seu negócio, mas também encontrou um nicho de mercado, com pouca expressão em Portugal, explica ao PÚBLICO.
Diversos parceiros de outros países contactaram-no para perceber se esta era uma forma viável de fazer casamentos e tudo se desenrolou naturalmente a partir daí. O primeiro passo foi levar o projecto até aos Açores, com a ajuda da wedding planner Maria Connie Viera, e neste momento, a Pop Up Weddings está presente em Itália, na Bélgica, no Panamá, no México, na Guatemala e em El Salvador.
Rui Mota Pinto percebeu que havia um “timing perfeito”, uma vez que “de repente o mundo começou a olhar” para este tipo de casamentos como uma solução para os impedimentos que a pandemia trouxe à realização das festas. “Mais valia pôr as mãos na massa e olhar para isto como uma oportunidade de negócio”, refere.
Em Portugal, desde que o confinamento chegou, foram realizados 15 casamentos deste género através do projecto, que contaram só com os noivos ou com um máximo de 15 convidados. Cerca de metade destes foram de casais portugueses e os restantes de estrangeiros, sendo que as nacionalidades norte-americana, japonesa e brasileira são as que mais procuram esta solução em Portugal.
A tendência ainda não se solidificou em Portugal
Rui Mota Pinto não tem dúvidas de que esta forma de fazer casamentos veio para ficar e que se vai tornar numa tendência. Mas esta não é uma opinião consensual nesta indústria. Um pouco por todo o país, desde o Norte, ao Alentejo e passando também pelas ilhas, as cerimónias com um número reduzido de convidados ou até mesmo que contam apenas com os noivos não se estão a tornar numa opção para a maioria dos casais, que decidiram adiar as cerimónias.
Na Romã Eventos, sediada em Matosinhos, todos os casamentos com casais estrangeiros foram adiados, uma vez que toda a logística de viagens de avião e estadias não deixavam os convidados confortáveis. Cerca de cinco casais portugueses optaram por manter as suas festas, mas o número de pessoas presentes foi bastante reduzido, contando apenas com os amigos e familiares mais próximos, conta Rute Carvalho.
Passando pelo Alentejo, na Design Events, em Estremoz, tudo o que estava marcado para 2020 foi deixado em stand-by até ao próximo ano. Maria João Soares revela que teriam cerimónias com casais norte-americanos, mas que com o fecho dos hotéis, nada chegou a acontecer. Ainda assim, assegura que é possível fazer festas mais pequenas no Alentejo, mas que não há procura pelos elopements ou micro weddings de momento.
Em Évora, o Quintal Dom Quixote também sofreu um forte embate com a pandemia. Desde o início do ano fizeram apenas um casamento, com 20 convidados. Os restantes foram todos adiados para 2021 e até 2022. Claudino Alegria afirma que não será fácil encontrar clientes. Têm a perspectiva de uma outra cerimónia para Outubro, mas sem nada garantido.
Ticas Garcia, wedding planner da Casar com Graça, sediada em Lisboa, fez apenas um “casamento familiar em tempos de covid” – é esta a expressão que utiliza para apelidar as cerimónias mais reduzidas, que contam somente com os familiares e amigos mais chegados. Irá realizar mais cinco casamentos este ano e diz que quem optou por manter a festa sabe que será diferente do idealizado — não haverá pista de dança e tem de se manter a distância entre os convidados.
Terminando nos Açores, a Plano A também viu a sua agenda reduzida a cerca de cinco casamentos para este ano. Até ao mês passado não decorreu qualquer evento e todos os casais estrangeiros com data marcada optaram por adiar para o próximo ano. Cátia Leandro refere que vão fazer aqueles casamentos para alguns clientes que continuaram a querer assinalar a data, mesmo que com uma festa mais pequena do que tinham planeado.
Este sector de actividade movimenta por ano mais de quatro mil milhões de euros. Este valor ficará aquém em 2020, uma vez que, de acordo com um estudo da Belief Wedding Creators, apenas cerca de 32,1% dos casamentos se realizarão até ao final do ano.
Texto editado por Bárbara Wong