Madre Odisseia: uma confeitaria moderna que honra a tradição de Aveiro
A mais recente confeitaria da cidade não abdica de continuar a fazer ovos-moles de forma artesanal e em tachos de cobre. A lista de especialidades contempla ainda mais uns quantos doces conventuais.
É na envolvente dos Paços de Concelho de Aveiro, de frente para a Praça da República, que mora a mais nova confeitaria da cidade dos ovos-moles. A partir da recuperação do imóvel onde outrora esteve instalada uma loja de referência da cidade (Casa Espanhola), criou-se uma casa moderna, mas cheia de vontade de continuar a fazer os doces à antiga: de forma artesanal e em tachos de cobre. Chama-se Confeitaria Madre Odisseia e carrega no nome uma homenagem “a todas as mães que estão por trás dos grandes desafios” e também às “madres que lideravam os conventos” que criaram os doces que continuam a fazer as nossas delícias.
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É na envolvente dos Paços de Concelho de Aveiro, de frente para a Praça da República, que mora a mais nova confeitaria da cidade dos ovos-moles. A partir da recuperação do imóvel onde outrora esteve instalada uma loja de referência da cidade (Casa Espanhola), criou-se uma casa moderna, mas cheia de vontade de continuar a fazer os doces à antiga: de forma artesanal e em tachos de cobre. Chama-se Confeitaria Madre Odisseia e carrega no nome uma homenagem “a todas as mães que estão por trás dos grandes desafios” e também às “madres que lideravam os conventos” que criaram os doces que continuam a fazer as nossas delícias.
O enquadramento é feito pelo empresário Eugénio Santos, dono do grupo Colunex e que tem vindo a apostar também na sua terra natal, juntamente com a família. Começou com os barcos moliceiros, depois adquiriu uma unidade de produção de doces, reformulou um antigo café e agora lança a Madre. No fundo, o “bichinho” já lá estava, desde o tempo em que a família fundou e explorou a famosa Croissanteria do Oita. Com este novo projecto, procurou criar “um espaço com alma”, destaca, esperando contribuir, desta forma, para que os visitantes da cidade prolonguem a sua estadia.
A decoração da Madre Odisseia é simultaneamente requintada e sóbria. Pretendeu-se criar um espaço sofisticado sem que se tornasse pretensioso, explica Francisca Santos, directora de marketing. O preto e o branco são as cores dominantes, com alguns apontamentos de dourado, que pretendem evocar os ovos-moles.
Numa das paredes laterais, junto à escada que dá acesso ao primeiro piso (por ora encerrado, mas que futuramente irá acolher workshops), há uma pintura mural de uma doceira. “É a dona Fátima. Trabalha desde 1980 na unidade de produção que adquirimos”, desvenda Francisca. E é também a imagem de Fátima que decora, juntamente com o retrato de um antigo painel de azulejos, as caixas de ovos-moles da casa.
Doces e gelados com tradição
Na montra, lado a lado com o doce tradicional aveirense estão outras tentações igualmente afamadas: castanhas de ovos, pães-de-ló, raivas, almendrados e um doce da casa, os “molatos” (uma mistura de nozes e chocolate). Também ali cabem os pastéis de nata, palmiers, cartuchos e outros artigos de pastelaria. E os mais dados a salgados podem optar por uma das torradas da casa ou pelo pastel de bacalhau.
O foco são mesmo os produtos tradicionais, razão pela qual não houve grandes dúvidas na altura de escolher uma marca de gelados (são apresentados num carrinho, a imitar os antigos). “Tinha de ser a Gelados de Portugal, que, além de ser uma marca de Aveiro, apresenta estes sabores que são tão nossos, desde o gelado de ovos-moles até ao gelado de requeijão com doce de abóbora”, nota Francisca Santos.
A Confeitaria Madre Odisseia acabou por instalar-se na Rua de Coimbra (conhecida como Rua Direita), a poucos metros de outras casas de ovos-moles de referência e, neste caso, a concorrência até é encarada com bons olhos. Eugénio Santos acredita que todos poderão obter vantagem do facto de aquela ser, cada vez mais, “a rua dos ovos-moles”. “Quando vamos a uma cidade, perguntamos onde é a rua dos bares, dos restaurantes; em Aveiro passa a haver uma rua dos ovos-moles”, repara.
Por ora, a Madre Odisseia é a única que tem uma vantagem acrescida: conta com uma generosa esplanada, instalada na Praça da República. Consegue sentar 36 pessoas ao ar livre, num total de 16 mesas. Lá dentro, a capacidade está, por ora, limitada a três mesas mais um pequeno balcão, com um total de oito lugares sentados. Reflexos de uma pandemia que também atrasou a abertura da confeitaria ao público. “Estava praticamente tudo pronto, prestes a abrir, quando o país entrou em confinamento”, recorda Francisca Santos. A opção passou por aproveitar a espera “para fazer algumas adaptações” e o resultado está à vista.
Aqueles que visitarem a Madre Odisseia ao fim-de-semana podem ter a sorte de ver como é que se produzem os ovos-moles. A confeitaria conta com uma bancada, protegida com vidro, onde irá estar uma doceira a trabalhar ao vivo.