Mais de 24 mil hectares arderam este ano, menos do que a média da última década

Até Agosto registaram-se 5294 incêndios rurais em Portugal, valor inferior à média anual da última década.

Foto
Pinhal de Leiria Adriano Miranda/Arquivo

Mais de 24.000 hectares arderam nos primeiros sete meses do ano, período em que se registaram 5294 incêndios rurais, valores inferiores à média anual na última década, segundo o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Mais de 24.000 hectares arderam nos primeiros sete meses do ano, período em que se registaram 5294 incêndios rurais, valores inferiores à média anual na última década, segundo o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).

Segundo o terceiro relatório provisório de incêndios rurais do ICNF, que abrange o período entre 1 de Janeiro e 31 de Julho, a base de dados nacional registou um total de 5294 incêndios rurais, que destruíram um total de 24.680 hectares (ha), entre povoamentos (12.031 ha), matos (8247 ha) e áreas agrícolas (4420 ha).

Comparando os valores dos primeiros sete meses deste ano com o histórico dos dez anos anteriores, o relatório indica que houve menos 43% de incêndios rurais e menos 34% de área ardida relativamente à média anual do mesmo período.

O ano de 2020 apresenta, até ao dia 31 de Julho, “o valor mais reduzido em número de incêndios e o 6.º valor mais baixo de área ardida, desde 2010”, refere o documento.

O relatório do ICNF indica que este ano os incêndios com área ardida inferior a um hectare são os mais frequentes (87 % do total de incêndios rurais).

No que se refere a fogos de maior dimensão, os dados registam a ocorrência de cinco incêndios rurais com área ardida superior ou igual a mil hectares: Oleiros (Castelo Branco), Chaves (Vila Real), Castro Verde (Beja), Aljezur (Faro) e Covilhã (Castelo Branco).

O incêndio de maior dimensão registado este ano foi o que deflagrou em Oleiros no dia 25 de Julho, que destruiu 5570 ha, seguido do que deflagrou em Vila Real no dia 30 de Julho, que o ICNF diz ter destruído 2560 hectares.

Como termo de comparação, o relatório indica que, na última década, em igual período, o ano de 2017 foi o que registou mais incêndios com área ardida igual ou superior a 1000 ha (17).

Nos primeiros sete meses do ano o relatório dá conta de 23 grandes incêndios rurais (área ardida igual ou superior a 100 ha), que destruíram 19.831 hectares, o que equivale a 80% do total da área ardida.

Segundo o relatório do ICNF, na comparando com os últimos dez anos, 2012 foi o ano com maior número de grandes incêndios (82) entre Janeiro e 31 de Julho, seguido de 2017 (58).

Do total de 5294 incêndios rurais verificados nos primeiros sete meses do ano, foram investigados 2740 (52%), responsáveis por 44% da área total ardida e, destes, a investigação conseguiu atribuir uma causa a 1840.

Até à data, segundo o ICNF, as causas mais frequentes são: fogo posto (27%), queimadas de sobrantes florestais ou agrícolas (19%), queimas de amontoados de sobrantes florestais ou agrícolas (9%) e queimadas para gestão de pasto para gado (8%).

No total, as várias tipologias de queimadas e queimas representam 36% das causas apuradas.

Já os reacendimentos representam 11% do total de causas apuradas, num valor inferior face à média dos dez anos anteriores (15%).

O distrito mais afectado no que diz respeito à área ardida é o de Castelo Branco, com 7248 ha, cerca de 29% da área total ardida até à data, seguido de Vila Real, com 3255 ha (13% do total) e de Faro com 2906 ha (12% do total).

Quanto ao número de incêndios, o distrito que mais fogos registou foi o do Porto (1474), seguido de Braga (462) e Aveiro (384). Em qualquer um dos casos, os incêndios são maioritariamente de reduzida dimensão (não ultrapassam um hectare de área ardida).

“No caso específico do distrito do Porto, a percentagem de incêndios com menos de um hectare de área ardida é de 91%”, refere o relatório.

O documento acrescenta ainda que os concelhos que apresentam maior número de incêndios se localizam “todos a norte do Tejo” e que se caracterizam por “elevada densidade populacional, presença de grandes aglomerados urbanos ou utilização tradicional do fogo na gestão agro-florestal”.

Os 20 concelhos com maior número de incêndios representam 35% do total de ocorrências e 12% da área total ardida.

Quando analisa os 20 concelhos com maior extensão área ardida, o relatório diz que representam 80% da área total ardida no país.

O mês de Julho é aquele que apresenta este ano maior número de incêndios rurais (3279 - 62% do total) e maior área ardida (20.063 ha - 81% do total).

Quanto à severidade meteorológica – que tem em conta as temperaturas, vento forte, ausência de precipitação e humidade relativa baixa – o relatório indica que, este ano, os incêndios com classe de severidade mais baixa (0-5) foram os mais frequentes (29 % do total).

No que se refere aos fogos com maior nível de severidade meteorológica, o documento regista a ocorrência de 141 incêndios.