Depois de passar por Portugal, Juan Carlos terá viajado para a República Dominicana

Possibilidade de o rei emérito ter vindo para Portugal está a ser descartada pelos media espanhóis, que dão como cada vez mais provável que já esteja na República Dominicana, depois de ter apanhado um avião no Porto. Marcelo e rei de Espanha discutiram em Madrid a questão do futuro de Juan Carlos.

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Saída de Juan Carlos de Espanha foi anunciada na segunda-feira Reuters/Jon Nazca

Onde está o rei emérito de Espanha, Juan Carlos, que abandonou o país devido às repercussões das revelações sobre as suas contas bancárias em paraísos fiscais? Muito se tem especulado sobre o seu paradeiro. República Dominicana e até Portugal – uma tese que perdeu força nas últimas horas – são alguns dos destinos possíveis.

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Onde está o rei emérito de Espanha, Juan Carlos, que abandonou o país devido às repercussões das revelações sobre as suas contas bancárias em paraísos fiscais? Muito se tem especulado sobre o seu paradeiro. República Dominicana e até Portugal – uma tese que perdeu força nas últimas horas – são alguns dos destinos possíveis.

Na noite de segunda-feira, a TVI avançou que Juan Carlos estaria em Portugal, na sua casa no Estoril, em Cascais, onde passou parte da infância, durante o exílio dos pais. Em Espanha, contudo, a imprensa sublinha que a notícia da televisão portuguesa não cita qualquer fonte.

El Confidencial, no entanto, escreve que Juan Carlos se instalou em Azeitão. Segundo o jornal espanhol, que cita fontes próximas da família real, o rei emérito foi acolhido pela família Espírito Santo, com quem mantém relações muito próximas desde que os seus pais estiveram exilados no Estoril. O mesmo jornal refere que o monarca estará na Quinta do Peru, uma das propriedades da família Espírito Santo no concelho de Setúbal, enquanto decide o seu próximo destino.

O PÚBLICO sabe que o rei emérito de Espanha esteve em Portugal no passado dia 18 de Julho, um sábado. Na segunda-feira seguinte, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, deslocou-se a Madrid para, numa visita-relâmpago, sem comitiva, visitar o Museu do Prado e almoçar com o rei Felipe VI, no Palácio da Zarzuela. Os dois chefes de Estado – que se tinham reunido menos de um mês antes, a 1 de Julho, na cerimónia que assinalou, em Elvas e Badajoz, a reabertura total das fronteiras entre Portugal e Espanha – discutiram então a questão do futuro de Juan Carlos. Contactada pelo PÚBLICO, a Presidência da República respondeu não ter nada a adiantar sobre a matéria. O Ministério dos Negócios Estrangeiros disse também que não havia nada a comunicar sobre o assunto.

O diário espanhol ABC garante que o monarca está na República Dominicana, onde vive o multimilionário e amigo Pepe Fanjul. Nesta ilha das Caraíbas, a família Fanjul, nota o El Español, é dona de metade dos recintos turísticos da região, o que pode levar a que o monarca tenha à sua disposição um lugar discreto e exclusivo. Acresce que, em 2014, Juan Carlos refugiou-se na Casa de Campo, um resort exclusivo na ilha. 

O ABC acrescenta que a viagem de Juan Carlos de Madrid para a República Dominicana aconteceu durante o fim-de-semana, tendo o monarca feito escalas em Sanxenxo, na Galiza, e no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto. Já o La Vanguardia escreve que o monarca, de 82 anos, viajou de carro, na segunda-feira, de Espanha para o Porto, onde apanhou um avião para a República Dominicana, onde pretende ficar algumas semanas. 

Esta segunda-feira, o presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, disse não saber o paradeiro do monarca, mas garante que, em Espanha, “não se julgam instituições, mas sim pessoas”. “O mais importante é que Dom Juan Carlos disse estar à disposição da justiça como qualquer outro espanhol”, sublinhou Sánchez, durante uma conferência de imprensa no final de Conselho de Ministros.

A saída de Juan Carlos de Espanha foi anunciada na segunda-feira, depois de ter sido divulgada uma carta em que o monarca se dirige directamente ao filho, Felipe VI, manifestando a sua “absoluta disponibilidade para contribuir para facilitar o exercício” das funções do rei.

Nos últimos meses, a pressão sob Juan Carlos aumentou substancialmente. O monarca está a ser investigado por ter recebido 100 milhões do rei saudita e de os ter ocultado, inicialmente, numa fundação, tendo depois enviado o dinheiro para a antiga amante Corinna Larsen, num esquema para fugir aos impostos.

A pressão sob o rei emérito fez mossa na Casa Real, precipitando a saída de Juan Carlos de Espanha. Amigos próximos do rei, sob anonimato, contudo, afirmaram ao El Mundo que o monarca admite voltar em breve para Espanha: “Disse-nos, com toda a normalidade, que talvez volte em Setembro”, afirmou um amigo íntimo ao diário espanhol.

De acordo com o El Español, apenas cinco pessoas sabem o paradeiro de Juan Carlos: o rei Felipe VI, que já estava a par das intenções do pai há várias semanas; o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez, que coordena uma equipa da Guarda Civil para proteger o rei, e que, no final do Conselho de Ministros desta terça-feira, deverá pronunciar-se; o antigo chefe dos serviços secretos espanhóis, Félix Sanz Roldán, íntimo do monarca; o advogado, Javier Sánchez Junco; e o chefe da Casa Real, Jaime Alfonsín, designado por Felipe VI para negociar com o rei emérito.

O mesmo jornal espanhol avança também com alguns dos destinos possíveis para Juan Carlos. Além da cada vez mais provável República Dominicana, o El Español, admite a possibilidade do rei emérito ir para Genebra, na Suíça, para a Arábia Saudita, para Marrocos ou para Miami, nos Estados Unidos.