George Floyd pediu aos polícias para não dispararem antes de morrer. “Não sou má pessoa”

A morte de Floyd foi filmada pelas câmaras dos polícias que o mataram e as gravações agora disponíveis demonstram o desespero e o medo que George Floyd teve desde o primeiro segundo da sua detenção.

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A figura e a voz desesperada de George Floyd tornaram-se num símbolo da luta contra a violência policial nos Estados Unidos e no mundo Reuters/LUCAS JACKSON

O vídeo de George Floyd a ser asfixiado pelo joelho de um polícia no chão de Minneapolis já é conhecido. Foi, precisamente, este o vídeo que funcionou como um rastilho para um movimento global que chamou à atenção dos direitos das pessoas de cor e sublinhou a discriminação racial e a violência policial. Agora, um novo vídeo divulgado esta terça-feira pelo Daily Mail mostra o momento em que Floyd foi abordado pelos polícias entretanto detidos. 

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O vídeo de George Floyd a ser asfixiado pelo joelho de um polícia no chão de Minneapolis já é conhecido. Foi, precisamente, este o vídeo que funcionou como um rastilho para um movimento global que chamou à atenção dos direitos das pessoas de cor e sublinhou a discriminação racial e a violência policial. Agora, um novo vídeo divulgado esta terça-feira pelo Daily Mail mostra o momento em que Floyd foi abordado pelos polícias entretanto detidos. 

A nova gravação foi captada a partir das câmaras corporais dos polícias que detiveram Floyd por alegadamente ter usado uma nota falsa de 20 dólares, acusação feita pelos donos do estabelecimento. Já conhecemos a história, mas o vídeo continua a ser chocante e não é aconselhada a sua visualização aos mais sensíveis.

Floyd é interpelado pelos agentes que, poucos segundos depois de se aproximarem do carro do homem, apontaram imediatamente as armas. George Floyd reage com medo e desespero, pedindo aos agentes para não dispararem e confessa que acabou de perder a mãe.

“Não sou esse tipo de pessoa, não sou mau tipo. Assim vou acabar por morrer”, disse Floyd, tentando convencer os polícias a não usarem as pistolas.

O homem, que se tornou num símbolo da discriminação racial pelo mundo fora, é algemado e, apesar de dizer que não está a resistir e que é claustrofóbico, entre muitas lágrimas e súplicas, forçado a entrar dentro do carro.

Pouco depois, arrastam George Floyd para fora da viatura, para o lado da estrada e para o chão, onde Floyd gritou e gemeu as palavras que se tornaram num grito de protesto: “Não consigo respirar”.

As imagens pertencem às câmaras corporais instaladas nos equipamentos dos polícias Thomas Lane e Alexander Kueng. Foram entregues pelo advogado de Lane no início de Julho em tribunal, e os meios de comunicação apenas tiveram acesso às transcrições da interacção. Só agora, mais de dois meses depois da morte de Floyd, é que se pôde ver as imagens.

À CNN, Ben Crump, um dos advogados da família de George Floyd, afirmou que “a polícia aproximou-se dele com as armas em riste apenas porque ele era um homem negro. O vídeo mostra que ele não era uma ameaça. As contradições na história dos polícias estão a começar a amontoar-se e se não fosse por estes vídeos o mundo poderia nunca chegar a saber o que de facto aconteceu a George Floyd”.

Floyd foi morto a 25 de Maio em Minneapolis, no estado do Minnesota. Os quatro agentes envolvidos na detenção foram despedidos e o agente que se ajoelhou em cima do pescoço de Floyd, Derek Chauvin, foi acusado de homicídio em segundo grau.

A morte de George Floyd às mãos de agentes de autoridade, gravada e espalhada pelo mundo, motivou uma onda de protestos pelos Estados Unidos e pelo mundo, contra a discriminação policial contra a comunidade negra. Os protestos evoluíram em várias partes do mundo para manifestações contra monumentos e sítios que homenageiam figuras associadas ao colonialismo e à escravatura.