Se PSD negociar com o Chega vai romper com a “cultura social-democrata”, diz PS
José Luís Carneiro avisa Rio que a aproximação ao Chega vai fazê-lo colidir com a base eleitoral social-democrata e critica o “comportamento retrógrado” do PSD.
Para os socialistas, se os sociais-democratas vierem a negociar com o Chega para entendimentos eleitorais, como Rui Rio já chegou a admitir há dias, isso significaria “uma ruptura do PSD com a sua cultura social-democrata”. Quem o diz é o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, que adianta que essa aproximação do PSD ao partido liderado por André Ventura é mais um reflexo da “condução política em contramão” do principal partido da oposição.
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Para os socialistas, se os sociais-democratas vierem a negociar com o Chega para entendimentos eleitorais, como Rui Rio já chegou a admitir há dias, isso significaria “uma ruptura do PSD com a sua cultura social-democrata”. Quem o diz é o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, que adianta que essa aproximação do PSD ao partido liderado por André Ventura é mais um reflexo da “condução política em contramão” do principal partido da oposição.
“Só esta atitude de condução política em contramão no percurso da inovação social e económica pode justificar que o PSD esteja hoje já em fase de admitir poder vir a negociar com o Chega. O que, a acontecer, significaria uma ruptura do PSD com a sua cultura social-democrata”, afirmou neste sábado o dirigente socialista. Que avisou ainda: “Caso Rui Rio opte pela experiência de condução em contramão corre sério risco de colisão com a sua base eleitoral social-democrata.”
Na quarta-feira à noite, em entrevista na RTP3, Rui Rio admitiu poder conversar com o Chega com vista a entendimentos eleitorais mas só se o partido de André Ventura evoluir “para uma posição mais moderada”, dizendo descartar essa possibilidade se esta força política “continuar numa linha de demagogia e populismo da forma como tem tido”.
A resposta de André Ventura não se fez esperar: no dia seguinte um comunicado da direcção nacional do Chega replicou que só aceitará “conversar com um PSD que aceite ser oposição à séria e não a dama de honor do governo socialista”. E acrescentava: “É importante que o PSD saiba que o Chega nunca será muleta de nenhum partido e não será o CDS do século XXI.” Já o presidente do CDS, para se distanciar, avisou ontem que não tenciona fazer quaisquer coligações para as eleições autárquicas com o Chega ou a Iniciativa Liberal.
As declarações de José Luís Carneiro foram divulgadas pelo PS, numa nota à imprensa, na sequência da visita, na manhã deste sábado, de uma delegação socialista às obras de recuperação do mercado municipal de Leiria, onde será também instalado um centro de incubação de empresas. A visita serviu para “ilustrar a capacidade de inovação e desenvolvimento das políticas públicas dos autarcas do PS, de que Leiria é um bom exemplo nacional”, auto-elogia o partido.
Por contraponto, José Luís Carneiro criticou o “comportamento retrógrado” do PSD, dando como exemplos que os sociais-democratas chegaram “tarde e a más horas à modernização administrativa do Estado”, ao “grande projecto do Alqueva”, às “renováveis e aos veículos eléctricos”, e agora fazem o mesmo na questão do hidrogénio.
A referência vem na sequência das perguntas e críticas de Rui Rio sobre os planos do Governo para a produção de hidrogénio verde aproveitando os fundos europeus. “Defender a descarbonização e enfrentar os desafios das alterações climáticas, diminuir a dependência energética do país, passa também pela aposta na produção de hidrogénio e na sua incorporação na actividade económica mais sustentável”, aponta o dirigente socialista, acrescentando que esse investimento colocará Portugal na “dianteira do grupo dos países que apostam no hidrogénio para efeitos de descarbonização”.