Lucros da Jerónimo Martins recuam 36,2% no semestre

Grupo de distribuição português, que opera também na Polónia e na Colômbia, contabiliza em 32 milhões de euros os custos directos da pandemia na operação das lojas de toda a companhia. E retira perspectivas para o final do ano

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Rui Gaudenco

O grupo de distribuição Jerónimo Martins, dono das cadeias Pingo Doce e Recheio em Portugal, da Biedronka e da Hebe na Polónia, e da Ara na Colômbia, registou resultados líquidos após interesses minoritários de 104 milhões de euros no primeiro semestre de 201. É uma queda de mais de um terço (36,2%) face ao registado um ano antes, anunciou esta quarta-feira a companhia, após o fecho do mercado.

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O grupo de distribuição Jerónimo Martins, dono das cadeias Pingo Doce e Recheio em Portugal, da Biedronka e da Hebe na Polónia, e da Ara na Colômbia, registou resultados líquidos após interesses minoritários de 104 milhões de euros no primeiro semestre de 201. É uma queda de mais de um terço (36,2%) face ao registado um ano antes, anunciou esta quarta-feira a companhia, após o fecho do mercado.

Entre Janeiro e Junho deste ano, o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA, na sigla inglesa), caiu 4,9%, para 635 milhões de euros, “penalizado pelo aumento de custos operacionais no  contexto da pandemia e pelas medidas de confinamento em vigor ao longo de quatro dos meses do período”, explica a gestão liderada por Pedro Soares dos Santos, na comunicação.

Recheio mais penalizada

As vendas consolidadas registaram uma subida homóloga de 4,6%, para 9,3 mil milhões de euros no semestre, com o segundo trimestre a registar uma queda, de 1,3%, para 4,6 mil milhões de euros.

A rede alimentar polaca Biedronka foi responsável por 70,2% das vendas (6,5 mil milhões de euros, mais 7,8% em euros) e, em Portugal, a cadeia de super e hipermercados o Pingo Doce por 19,7% do total das vendas consolidadas pelo grupo (1,83 mil milhões de euros, uma queda de 2,9%).

A rede grossista Recheio, líder do segmento em Portugal, foi penalizada pelo encerramento dos seus principais clientes, o canal Horeca – hotéis, restaurantes e cafés – e comércio alimentar retalhista tradicional: sofreu uma queda de 14,4% das vendas semestrais, face a um ano antes, para 400 milhões de euros, representando 4,3% do consolidado pela JM SGPS.

Na Colômbia, rede de unidades alimentares de proximidade Ara registou um aumento de 18,8% das vendas em euros, para 423 milhões de euros, ultrapassado assim no semestre o peso do Recheio na soma das vendas do grupo, e representando 4,5% do total.

A cadeia de farmácias e para-farmácias polaca Hebe registou uma perda de 1,7%, para vendas de 115 milhões no semestre.

A administração do grupo alimentar explica, na comunicação ao mercado, que “em todas as companhias do grupo” se registou “um aumento dos custos operacionais relativos à introdução de novos e mais frequentes procedimentos de limpeza das lojas e dos centros de distribuição, bem como de equipamentos de protecção individual de uso diário para as nossas equipas”.

A estes custos “acresceu o reforço de provisões para valores a receber e para depreciação de stocks, contabilizados ao nível das Outras Perdas e Ganhos, cujo risco de não realização aumentou substancialmente devido à pandemia”, adianta ainda, para concluir que “no período dos seis meses a conjugação de todos estes valores estima-se em cerca de 32 milhões de euros”.

A gestão da cotada opta ainda por não apresentar perspectivas de evolução da actividade ou de investimento para o resto do exercício fiscal: “Nestas circunstâncias, não apresentamos guidance para 2020”, é afirmado.

É explicado que “a incerteza sobre o desenvolvimento da pandemia continua muito elevada, sendo ainda cedo para estimar o impacto real que, no conjunto do ano, terá na economia mundial e em cada um dos países” em que o grupo opera.

“É hoje evidente que esta pandemia impacta todos os negócios de forma não homogénea, variando em função das medidas impostas por cada país e da resiliência de cada mercado de consumo”, acrescenta.