Bruno Candé Marques, 39 anos, três filhos

O assassino de Bruno Marques era um racista. O caso tem de ser investigado até às últimas consequências.

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Bruno Candé BRUNO SIMÃO

Um homem, Bruno Candé Marques, 39 anos, três filhos, está sentado num banco da avenida principal de Moscavide, um arredor de Lisboa. É sábado, uma da tarde, o cúmulo da luz do dia. Um outro chega e dispara quatro tiros. O jovem actor é morto à queima-roupa.

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Um homem, Bruno Candé Marques, 39 anos, três filhos, está sentado num banco da avenida principal de Moscavide, um arredor de Lisboa. É sábado, uma da tarde, o cúmulo da luz do dia. Um outro chega e dispara quatro tiros. O jovem actor é morto à queima-roupa.

Ainda não sabemos se foi um crime de ódio – se Bruno Candé Marques, nascido em Lisboa em 1980, foi de facto assassinado por ser negro. Mas sabemos que o homem que o matou o massacrou uns dias antes com insultos racistas. O assassino era racista. No comunicado que fez, a família, que diz que o crime foi “premeditado e racista”, conta que Bruno Candé Marques já tinha sido ameaçado de morte três dias antes do assassinato, ameaças acompanhadas de “vários insultos racistas”.  

Sabemos que um homem racista matou um negro à hora do almoço numa rua de Moscavide. Ainda não é claro se as motivações do assassino foram o ódio racial. A PSP, à partida, afastou a motivação racista, a partir da audição de testemunhas do crime. Mas tanto a deputada Joacine Katar Moreira como a Amnistia Internacional ou a organização SOS Racismo afirmam que tal assim foi. Joacine: “Perde-se um filho nas malhas do racismo que é todos os dias alimentado por muita gente.” SOS Racismo: “O carácter premeditado do assassinato não deixa margem para dúvidas de que se trata de um crime com motivações de ódio racial (…) 25 anos depois de Alcino Monteiro ter sido assassinado por ser negro, hoje [sábado] foi a vez de um homem negro morrer, em plena luz do dia, por motivos racistas.” A extrema-direita veio concluir célere: “Não há neste caso um pingo de racismo”, escreveu o deputado Ventura no seu Twitter. “Acabem lá com essa ladainha habitual do racismo. Não somos um país racista! Nada neste homicídio aponta para crime de ódio racial.”

A verdade é que não sabemos. Sabemos apenas, segundo informação da família, que o assassino era um racista. Mas temos de saber se assassinou Bruno Candé Marques por causa dos seus preconceitos sobre a cor da pele ou se o fez por outra razão. Agora, o tempo é da Justiça e o caso do assassínio às 13 horas da tarde em Moscavide tem de ser investigado até às últimas consequências.