Células recém-descobertas podem funcionar como sistema de alerta na artrite reumatóide

Estas células podem também dar pistas essenciais sobre as principais causas da artrite reumatóide.

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A actividade dos linfócitos B (na imagem) aumenta duas semanas antes de um surto de dor relacionado com a artrite reumatóide NIAID

Os sintomas da artrite reumatóide vêm em ondas: se há momentos em que não se sente nada, noutras ocasiões as dores são insuportáveis. Uma equipa de cientistas anunciou na revista New England Journal of Medicine que um tipo de células recentemente identificado poderá ser usado como um sistema de alerta para as ondas mais dolorosas da doença. Os níveis destas células aumentam drasticamente na corrente sanguínea uma semana antes dessa onda.

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Os sintomas da artrite reumatóide vêm em ondas: se há momentos em que não se sente nada, noutras ocasiões as dores são insuportáveis. Uma equipa de cientistas anunciou na revista New England Journal of Medicine que um tipo de células recentemente identificado poderá ser usado como um sistema de alerta para as ondas mais dolorosas da doença. Os níveis destas células aumentam drasticamente na corrente sanguínea uma semana antes dessa onda.

A artrite reumatóide é uma doença do sistema imunitário que causa inflamação nas articulações, sobretudo nas das mãos e nos pés. Pode ser uma doença debilitante e atacar frequentemente pessoas na casa dos 30 e os 40 anos. Os sintomas podem então vir em ondas, com ondulações de relativa quietude intercaladas com vagas de dor. As terapias actuais podem tratar destes sintomas, mas não curam a doença. É uma doença inflamatória crónica prevalente em cerca de 1% da população portuguesa e estima-se que afecte cerca de 40 mil portugueses. 

Não sabe muito bem o que causa estes diferentes sintomas e a forma como se intercalam. Por isso, a equipa de Robert Darnell, da Universidade Rockefeller (nos Estados Unidos), optou por usar a sequenciação longitudinal do ARN, um método que analisa a expressão genética durante longos períodos de tempo para observar mudanças nos estados das doenças, nomeadamente identificar variações moleculares nos diferentes sintomas da artrite reumatóide.

Ao longo de quatro anos, doentes com artrite reumatóide enviaram à equipa resultados de amostras ao sangue através de um kit caseiro e relataram os sintomas associados a essas amostras. Os investigadores também analisaram as amostras de sangue recolhidas semanas antes de os sintomas piorarem.

Primeiro, sem qualquer tipo de surpresa, viu-se que cerca de duas semanas antes de um surto de dor a actividade dos linfócitos B aumentou, o que cria anticorpos. Já uma semana antes desse surto, e aqui já com alguma surpresa, observou-se que os níveis de umas células agora denominadas “PRIME” aumentavam. “As células PRIME não se assemelham a nada do que normalmente tínhamos encontrado na corrente sanguínea”, lê-se no comunicado da Universidade Rockefeller.

A equipa realça que a função destas células ainda não se estabeleceu bem, mas que já há algumas pistas. Por agora, os cientistas viram que são semelhantes a fibroblastos sinoviais, que se encontram no revestimento do tecido das articulações. Robert Darnell diz mesmo que acredita que as células PRIME podem ser precursoras desses fibroblastos, que são conhecimentos por terem algum papel na causa dos sintomas das artrite reumatóide.

Neste momento, a equipa está a investigar o máximo que conseguir sobre estas células e como se podem detectar de forma rápida. “Se conseguirmos identificar de forma fiável [e rápida] estas novas células nos doentes, poderemos ser capazes de lhe dizer: ‘Está prestes a ter um surto’. Assim podemos prepará-los e tornar os surtos menos perturbadores”, assinala Robert Darnell. Estas células podem ainda dar pistas essenciais sobre as principais causas da artrite reumatóide.