Covid-19: novos surtos em Espanha, Reino Unido e França preocupam Europa
Por toda a Europa, surtos têm aumentado e pressionado vários países a reintroduzir medidas de confinamento ou a tornar o uso de máscaras obrigatório.
Três meses depois de deixar de ser o centro da pandemia de covid-19 no mundo, a Europa é confrontada com o aumento dos contágios em vários países. Espanha, Reino Unido e França estão entre as maiores preocupações.
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Três meses depois de deixar de ser o centro da pandemia de covid-19 no mundo, a Europa é confrontada com o aumento dos contágios em vários países. Espanha, Reino Unido e França estão entre as maiores preocupações.
Além destes três países, dos mais afectados pela pandemia de covid-19 na Europa, outros registam novos surtos ou novas cadeias de contágio do novo coronavírus, embora com menor expressão.
O número de novos contágios nos últimos dias em Espanha é sete vezes superior ao registado quando, há um mês, foi levantado o estado de emergência e foram retomadas a circulação, as relações sociais e a actividade económica.
A 21 de Junho, quando terminou o estado de emergência, Espanha contava 141 novos casos em 24 horas. Desde então, foram registados 369 surtos, em todas as comunidades autónomas do país, mas com especial gravidade em Aragão e Barcelona (nordeste).
Nesta quinta-feira, foram registados 971 novos casos, com 281 surtos activos por todo o país envolvendo 3200 novos casos de infecção.
França, por sua vez, regista nas últimas semanas um aumento de casos de infecção que levou as autoridades a emitir alertas à população para a necessidade de manter as regras de higiene e segurança que contribuem para limitar os contágios.
No mais recente boletim, publicado na quinta-feira, França contabilizava 1062 novos casos em 24 horas e indicava que, em relação à semana passada, houve um aumento de 27% de testes positivos à covid-19.
Desde o início do desconfinamento, em Maio, foram identificados 570 focos de contágio, dez deles entre estas quarta e quinta-feira, embora apenas 120 se mantenham activos, com 450 focos considerados resolvidos.
O Reino Unido é o país da Europa até agora com mais mortes associadas à covid-19 e o terceiro em todo o mundo, com 45.554 mortos, em quase 300 mil casos confirmados.
O surto mais grave em actividade registou-se no princípio do mês na cidade de Leicester, que durante uma semana foi responsável por 10% de todos os casos em Inglaterra.
As autoridades decretaram o encerramento das escolas e dos estabelecimentos comerciais não essenciais por 15 dias.
Com o número de mortes a manter-se elevado no país, o Governo britânico adoptou novas medidas para travar a propagação do vírus, como o isso obrigatório de máscara, a partir desta sexta-feira, nas lojas, supermercados, bancos e estações de correio.
A Roménia regista um forte aumento de casos, com um recorde diário de 1112 novas infecções atingido na quinta-feira. Os contágios começaram a aumentar no princípio de Junho, depois de uma queda acentuada em Maio, evolução que as autoridades atribuem ao menor cuidado da população em manter regras de protecção após o levantamento do estado de emergência e do confinamento, a 15 de Maio.
A Alemanha registou há duas semanas o surto mais grave, com cerca de 1800 novos casos entre trabalhadores de um matadouro, surto já considerado controlado. As autoridades manifestaram, contudo, preocupação com os casos registados em pessoas provenientes do estrangeiro, nomeadamente de Espanha.
Na Bélgica, as autoridades decidiram não avançar para as etapas seguintes de desconfinamento devido a um aumento de novos casos, traduzido, segundo números desta sexta-feira, numa média diária de 220 novos casos nos últimos sete dias. O aumento de casos foi detectado em meados de Julho em comunidades localizadas, mas estende-se actualmente ao conjunto da população belga.
Em Bolonha (norte), em Itália, foi identificado na quinta-feira um novo surto numa residência para idosos com 21 pessoas infectadas e, no mesmo dia, um surto em Molise (centro), onde sete venezuelanos da mesma família testaram positivo. As autoridades de Itália, país que nos primeiros meses da pandemia na Europa foi o mais afectado e contava até quinta-feira 35.092 mortos e mais de 245 mil casos, estão também atentas à ilha de Capri (sul), seguindo os contactos de três turistas de Roma que visitaram a ilha no fim-de-semana e tiveram testes positivos à covid-19.
Segundo os números oficiais mais recentes, entre 15 e 21 de julho foram notificados nos Países Baixos 987 novos casos de infecção, quase o dobro da semana anterior. Entre 4 e 7 de Julho, o número de novos casos subiu 0,29% e entre 16 e 19 de Julho, 0,72%, o que sugere uma nova tendência de aumento de casos.
A Grécia regista um aumento ligeiro, mas constante, do número de novos casos, num país que foi dos menos afectados pela pandemia, com 4100 casos e 201 mortes. Na última semana houve uma média diária de 25 novos casos, quase um terço (27,8%) dos quais relacionados com viagens de ou para o estrangeiro.
A Áustria reintroduziu, a partir desta sexta-feira, o uso obrigatório de máscara nos estabelecimentos comerciais, 39 dias depois de ter limitado a medida aos transportes públicos, hospitais e clínicas, em face da descida dos contágios. Na quinta-feira, o país registava 170 novos casos, o número mais elevado desde meados de Abril, depois em de Maio e Junho os novos casos diários se terem mantido abaixo dos 50.
As autoridades checas registaram na quinta-feira 235 novos casos, o número diário mais alto desde Junho, depois de vários dias seguidos com 200 novos contágios em média. Face aos números, o Governo da República Checa decidiu reintroduzir restrições, entre as quais o uso de máscara em espaços fechados com mais de 100 pessoas ou a limitação de concentrações a 500 pessoas (até agora mil).
A Polónia registou esta sexta-feira 458 novas infecções, o número mais alto desde 17 de Junho e o segundo consecutivo acima dos 400 novos casos, segundo o Ministério da Saúde. Na Silésia, onde foram detectados 184 dos casos das últimas 24 horas, as autoridades admitem “bastantes” novas infecções nos próximos dias. O Governo afasta contudo a possibilidade de reintroduzir restrições, frisando a necessidade de maior respeito por regras como o uso de máscara, distanciamento físico e lavagem das mãos.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 627 mil mortos e infectou mais de 15,2 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço de hoje da agência France-Presse (AFP).
A Europa ultrapassou na quinta-feira os 3 milhões de casos, registando 206 mil mortos.