Cantinas take-away nas escolas são “aberração” ambiental, denuncia Zero

Associação ambientalista defende utilização exclusiva de materiais reutilizáveis, pedindo uma reunião com carácter urgente ao Ministério da Educação.

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Escolas ponderam adoptar cantinas take-away para evitar contágios Rui Gaudêncio/Arquivo

A associação ambientalista Zero considera que a opção de colocar as cantinas escolares em regime take-away representa uma “aberração do ponto de vista da sustentabilidade”. A organização diz que a ponderação desta alternativa demonstra uma “incapacidade” de vários sectores da sociedade em perceber que a crise pandémica não é a única que o país atravessa.

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A associação ambientalista Zero considera que a opção de colocar as cantinas escolares em regime take-away representa uma “aberração do ponto de vista da sustentabilidade”. A organização diz que a ponderação desta alternativa demonstra uma “incapacidade” de vários sectores da sociedade em perceber que a crise pandémica não é a única que o país atravessa.

“Neste contexto, as respostas à pandemia devem ter em consideração que é fundamental evitar agravar a crise climática, a do uso desregrado de recursos naturais, bem como a da perda de biodiversidade”, escreve em comunicado a Zero, que já solicitou com carácter de urgência uma reunião com o Ministério da Educação.

Susana Fonseca, da direcção da Zero, admite ao PÚBLICO a surpresa da associação com a hipótese de no próximo ano lectivo algumas cantinas escolares poderem funcionar em regime take-away, defendendo a utilização de materiais reutilizáveis.

“Quando surge alguma dificuldade, a tendência é para pensar mais do mesmo, sabendo que isso vai agravar outras crises paralelas a esta. Esta utilização de materiais descartáveis como primeira opção [é errada]. Há take-away que é feito com materiais reutilizáveis, que é o que nós sugerimos”, explica.

A associação ambientalista defende a adopção de horários desencontrados e outras alternativas que permitam o funcionamento normal dos refeitórios. Susana Fonseca admite, contudo, que em alguns casos — devido ao número de alunos ou à falta de espaço — o take-away poderá ser a única alternativa, desafiando as empresas a conceberem materiais para serem utilizados nestes espaços que não agravem a pegada ecológica.

“Para nós é muito claro, têm de ser materiais reutilizáveis. Não somos apologistas de passar para os biodegradáveis. Grande parte não traz nada de novo. Materiais devolvidos, lavados, higienizados e utilizados novamente no dia seguinte”, finaliza.

O PÚBLICO noticiou, esta terça-feira, que as escolas públicas equacionam adoptar o regime take-away para os seus refeitórios, de modo a evitar os ajuntamentos de alunos neste espaço. A ideia partiu de uma directiva para o ano lectivo realizada pela Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE), a Direcção-Geral da Educação (DGE) e Direcção-Geral da Saúde (DGS).