Norte com subida de 23,4% do desemprego e queda de 42,3% das exportações
Área Metropolitana do Porto contava com 79.626 desempregados no mês de Maio. Concelhos exportadores mais afectados pelo desemprego
O número de desempregados da região Norte aumentou em 23,4% (29.600 pessoas) em Maio, relativamente ao mesmo mês de 2019, e as exportações caíram em Abril 42,3% devido à covid-19, assinala um relatório divulgado esta quinta-feira.
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O número de desempregados da região Norte aumentou em 23,4% (29.600 pessoas) em Maio, relativamente ao mesmo mês de 2019, e as exportações caíram em Abril 42,3% devido à covid-19, assinala um relatório divulgado esta quinta-feira.
Os dados foram reunidos na edição especial covid-19 do boletim trimestral Norte Conjuntura da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDRN), a que a Lusa teve acesso, e que avaliam os “dois meses consecutivos” (Abril e Maio) em que Portugal viveu em estado de emergência devido à pandemia do novo coronavírus, com “várias actividades económicas encerradas”.
O aumento do desemprego, com uma subida ao nível nacional de 34% no número de inscritos no IEFP, afectava em Maio 156.260 pessoas da região Norte, 79.626 dos quais na Área Metropolitana do Porto (AMP).
No caso das exportações, as vendas externas da região ficaram 1,1 milhões de euros abaixo do período homólogo de 2019, acrescenta o documento. O Norte Conjuntura sublinha que a “redução de 42,3% das exportações em Abril” surgiu “após uma queda de 16,6% em Março”.
“No conjunto dos dois meses, a região exportou menos 1,1 mil milhões de euros do que no período homólogo de 2019, cerca de 11% do valor exportado pela região em 2019”, destaca no documento.
A CCDR-N refere ainda a diminuição do número de horas trabalhadas: menos 33,7% na indústria do vestuário, 33,9% na fabricação de têxteis e 45,3% na indústria do couro e produtos do couro.
“A aplicação das medidas de layoff durante o estado de emergência conseguiu suster uma queda do emprego de amplitude equivalente nas indústrias com implantação mais consolidada na região”, sustenta.
Em Abril, “o número de desempregados inscritos nos centros de emprego aumentou em 18.710 face ao mesmo mês de 2019”, um acréscimo de 14,1%. Em Maio, o número subiu para mais 29.600 inscritos do que no mesmo mês de 2019.
A evolução “foi mais grave nas sub-regiões industrializadas”, com o Alto Minho com um crescimento de 52,8% em Abril e de 71,3% em Maio. Neste último, o aumento do desemprego foi também mais assinalável nas regiões do Cávado (32%), do Ave (31,5%) e do Tâmega e Sousa (28,2%).
“A AMP, com uma estrutura produtiva mais diversificada, observou um crescimento de menor amplitude (20,9%), ainda que, em valor absoluto, tenha sido a que teve o maior aumento de desempregados inscritos nos centros de emprego da região”, refere.
Também em termos absolutos, no Tâmega e Sousa registaram-se, em Maio, 19.352 desempregados, no Ave 18.006 e no Cávado 14.041, de acordo com uma tabela incluída no boletim.
No Douro, o desemprego aumento 3,2% (10.488 inscritos nos centros de emprego) e em Trás-os-Montes subiu 12,9% (4.054 inscritos).
Olhando para os concelhos mais exportadores do Norte, a CCDRN constata que o desemprego afectou, sobretudo, Vila Nova de Famalicão (subida de 50,8% no número de desempregados), Braga (27%), Maia (21,3%), Vila Nova de Gaia (11,9%), Guimarães (30,2%), Santa Maria da Feira (30,1%) e Porto (14,9%).
Em Oliveira de Azeméis, a variação foi, em Maio, de 73,5%, em Barcelos de 45,2%, em Viana do Castelo de 65,5%, em Vila Nova de Cerveira de 79%, em Felgueiras de 61,6% e de 90,4% em São João da Madeira.
O boletim destaca ainda que, nos meses de confinamento obrigatório, “a actividade turística foi praticamente inexistente”. Em Abril, “as dormidas diminuíram 95,3% e os proveitos totais baixaram 97% face a Abril de 2019”.