Há poucas semanas, o cineasta Elia Suleiman queixava-se de como é quase impensável, para o mundo, a ideia de uma comédia palestiniana: o que o mundo prescreve aos palestinianos não é o riso. Lembramo-nos disso numa das cenas iniciais de As Maravilhas de Montfermeil, quando a personagem de Mathieu Amalric, na pele de um funcionário camarário cheio de boas ideias e paternalismo, recebe um casal árabe no seu gabinete e eles riem e riem perante as perguntas e a conversa formulaica dele. É um riso tão franco, tão espontâneo — quase de candid camera, como convém a actores amadores recrutados in loco, no município de Montfermeil — que extravasa a própria cena: eles estão a rir-se de tudo, liminarmente, incluindo (o plano é frontal) do próprio espectador, que ali chega carregado das suas próprias boa vontade e paternalismo.
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Há poucas semanas, o cineasta Elia Suleiman queixava-se de como é quase impensável, para o mundo, a ideia de uma comédia palestiniana: o que o mundo prescreve aos palestinianos não é o riso. Lembramo-nos disso numa das cenas iniciais de As Maravilhas de Montfermeil, quando a personagem de Mathieu Amalric, na pele de um funcionário camarário cheio de boas ideias e paternalismo, recebe um casal árabe no seu gabinete e eles riem e riem perante as perguntas e a conversa formulaica dele. É um riso tão franco, tão espontâneo — quase de candid camera, como convém a actores amadores recrutados in loco, no município de Montfermeil — que extravasa a própria cena: eles estão a rir-se de tudo, liminarmente, incluindo (o plano é frontal) do próprio espectador, que ali chega carregado das suas próprias boa vontade e paternalismo.