Morreu Tony Elliott, fundador da Time Out: um “visionário” e “incansável promotor da cultura”
Criador de um “imperio global de media”, Elliott morreu na sexta-feira aos 73 anos,
Foi durante as férias de Verão, em 1968, quando estudava na universidade de Keele, no Reino Unido, que um Tony Elliott “fascinado com a cultura da Londres dos anos 1960” criou a Time Out, uma revista dedicada à cultura londrina que listava “as melhores coisas para fazer na cidade”, da arte ao cinema, dos concertos ao teatro e à restauração.
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Foi durante as férias de Verão, em 1968, quando estudava na universidade de Keele, no Reino Unido, que um Tony Elliott “fascinado com a cultura da Londres dos anos 1960” criou a Time Out, uma revista dedicada à cultura londrina que listava “as melhores coisas para fazer na cidade”, da arte ao cinema, dos concertos ao teatro e à restauração.
A primeira edição, conta-se no site da publicação, terá sido produzida “na mesa da cozinha”, na casa da mãe de Elliott, em Kensington, com 70 libras (cerca de 77 euros, ao câmbio actual), “parte da prenda de aniversário da tia pelo seu recente 21.º aniversário”.
No início da década de 70, a revista tornava-se semanal e, em 1995, nascia a edição de Nova Iorque, marcando o início da expansão internacional da marca. Actualmente, é um verdadeiro “império global de media”, com presença em 328 cidades de 58 países, incluindo Portugal.
Tony Elliott, o “visionário” que “odiava snobismos” e um “incansável promotor” da cultura urbana, morreu esta sexta-feira, vítima de cancro, aos 73 anos, confirmou o actual director-excetivo do grupo, Julio Bruno. A primeira edição da Time Out Londres a ser impressa após o confinamento, a 11 de Agosto, será dedicada ao fundador, adianta ainda a chefe de redacção do grupo, Caroline McGinn, num texto também publicado na Time Out portuguesa.
“Tony era um editor visionário, um incansável promotor da cultura da cidade e um amigo leal, cuja presença deixará saudades à família, amigos e colegas”, escreve McGinn.
Também Bruno foca a vertente de “visionário”, dizendo ainda que era um “um pioneiro, um homem corajoso e um grande amigo. Devemos-lhe muito e lutaremos para manter vivo o seu legado”, reagiu Bruno. “Vou sentir a falta dos seus conselhos, da sua paixão, do seu profundo conhecimento do mundo dos media.”
Já Will Gompertz, editor de artes da BBC, descreve no Twitter o fundador da Time Out como “a pessoa mais maravilhosa e generosa”, “cujo apoio apaixonado às artes era incansável e inestimável”.
Em 2010, ano em que nascia a Time Out Porto (a edição de Lisboa tinha sido lançada três anos antes), Elliott vendeu metade das suas acções a uma empresa de capitais de investimento (private equity), mas manteve-se como presidente do grupo e, segundo Bruno, continuou “envolvido na empresa até ao fim”. Elliott “não permitiria que [o cancro no pulmão] o impedisse”. “Continuou a ver o mundo com aquele olhar inquisitivo, com a curiosidade inata que poucos possuem em tal escala.”
No Twitter, Adam Feldman, antigo editor e crítico de teatro para a edição nova-iorquina da revista, aponta-o como o criador de um “império global de media”. “Discutia metade das nossas sugestões, sorria e [dizia] ‘continue assim'”, recorda David Fear, durante dez anos parte da redacção de Nova Iorque.
Descrito como “um homem tímido, não muito bom na conversa fiada e em situações sociais convencionais” pela ex-mulher Janet Street-Porter no Independent, Elliott “odiava snobismos” e era “um completo viciado no trabalho”, “consumido pela sua paixão": “Trazer às pessoas informações abrangentes no formato mais simples e acessível possível”.
Elliott “pretendia registar e recomendar cultura, mas acabou por influenciá-la também”, aponta o editor da Time Out London, Joe Mackertich. “Poucas pessoas tiveram esse tipo de impacto em Londres.”