Extracto de camarinha poderá ter propriedades anticancerígenas
Investigação de uma equipa da Universidade de Coimbra mostra que o extracto da camarinha, uma espécie selvagem comum na Península Ibérica, consegue inibir a proliferação de células cancerígenas.
Os primeiros resultados de um estudo de investigadores da Universidade de Coimbra (UC), divulgado esta segunda-feira, revelam que o extracto de camarinha - planta endémica da Península Ibérica - poderá ter propriedades anticancerígenas.
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Os primeiros resultados de um estudo de investigadores da Universidade de Coimbra (UC), divulgado esta segunda-feira, revelam que o extracto de camarinha - planta endémica da Península Ibérica - poderá ter propriedades anticancerígenas.
Nas várias experiências desenvolvidas “em linhas celulares de cancro do cólon” por uma equipa da Unidade de Investigação e Desenvolvimento Química-Física Molecular da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), observou-se que “extractos de camarinha conseguem inibir a proliferação deste tipo de células cancerígenas”, refere uma nota de imprensa da UC.
Citadas no documento, as investigadoras da FCTUC Aida Moreira da Silva e Maria João Barroca, coordenadoras do estudo e docentes da Escola Superior Agrária de Coimbra, sublinham o facto de o extracto obtido a partir das folhas da camarinheira se ter mostrado “mais eficaz do que propriamente o extracto das bagas de camarinha”, o que “é muito interessante, atendendo a que as folhas existem durante todo o ano, enquanto as bagas são sazonais”, argumentam as autoras da investigação.
O trabalho, que envolveu a utilização de várias técnicas físico-químicas, mostrou “resultados promissores” e a equipa de investigadores tenciona agora alargar os testes “in vitro”, aplicando os extractos das folhas e bagas do arbusto em células de outros tipos de cancro.
“Estamos a explorar as várias partes da camarinha e da camarinheira. Mesmo dentro do fruto estamos a explorar evidências e comportamentos que nos possam fornecer informação para eventuais futuros fármacos”, avançam Aida Moreira Silva e Maria João Barroca. As investigadoras pretendem ainda “recuperar estas bagas ancestrais, que eram usadas como antipirético [que baixa a febre] e vermicida”.
As especialistas querem também explorar uma vertente gastronómica da camarinha, “tendo já recuperado várias receitas antigas, para que, por um lado, não se perca este património e, por outro, possa contribuir para a subsistência de alguns agricultores da orla marítima portuguesa”.
A camarinha - cujo nome científico é corema album - é uma espécie selvagem que apesar de abundante na orla marítima de Portugal, “está ainda por explorar e a literatura científica sobre a espécie é relativamente reduzida”.
O estudo foi realizado no âmbito das actividades previstas no projecto “IDEAS4life”, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia e cuja equipa conta com a participação de investigadores da Escola Superior Agrária de Coimbra, da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, através da Rede de Química e Tecnologia e do Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa.